As reações mundiais intensificam-se após o Tribunal Penal Internacional (TPI) ter emitido, na quinta-feira, 21 de setembro, mandados de prisão contra o primeiro-ministro de israel, Benjamin netanyahu, e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant. Ambos são acusados de crimes contra a humanidade e crimes de guerra relacionados ao recente conflito em gaza, que começou após um ataque sem precedentes do grupo islâmico palestino Hamas em território israelense, em 7 de outubro de 2023. A situação na Faixa de gaza se agrava, com o Ministério da Saúde do Hamas alertando sobre a iminente paralisação de todos os hospitais na região em um prazo de 48 horas. Essa crise humanitária é impulsionada pela obstrução israelense à entrada de combustível, essencial para a operação dos serviços médicos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) expressou sua profunda preocupação com a condição de 80 pacientes no hospital Kamal Adwan, incluindo oito em estado crítico. Recentemente, um ataque de drones danificou o gerador e o sistema de abastecimento de água desse hospital, conforme declarou Tedros Adhanom Ghebreyesus, líder da OMS.
A Defesa Civil local relatou doze mortes e diversos feridos devido aos bombardeios israelenses em áreas do leste e sul da cidade de gaza. A tragédia se intensifica com relatos de civis inocentes, incluindo crianças, que são vítimas dessa escalada de violência. Belal, um sobrevivente que perdeu dez membros de sua família, compartilhou sua angústia em uma ala do hospital Al-Ahli: “Havia crianças inocentes. O que elas fizeram de errado?”, indagou ao observar um menino inconsciente em uma cama de hospital.
Por outro lado, autoridades israelenses reivindicaram ações bem-sucedidas em suas operações militares, afirmando que cinco combatentes do Hamas foram eliminados durante um ataque na área de Beit Lahia, no norte de gaza. Contudo, essas operações resultaram em um número elevado de mortos e desaparecidos, conforme evidenciado por fontes médicas palestinas, que apontam para a grave deterioração da situação humanitária na região.
Desde o início da nova ofensiva israelense, que foi anunciada com o intuito de desmantelar as capacidades de combate do Hamas, cerca de mil pessoas já perderam a vida, de acordo com o Ministério da Saúde em gaza. O ataque inicial em 7 de outubro resultou em 1.206 mortes, a maioria civis, e deixou 251 pessoas sequestradas, com 97 delas ainda em cativeiro, incluindo 34 que foram relatadas como mortas pelo exército israelense. A resposta militar de israel, tanto aérea quanto terrestre, provocou uma tragédia humanitária em gaza, com mais de 44.056 vidas perdidas, sendo a maioria civis, conforme dados que a ONU considera confiáveis.
A coordenação humanitária da ONU (Ocha) destacou que, desde o início do conflito, pelo menos 333 trabalhadores humanitários foram mortos na Faixa de gaza. Em meio à escalada de tensões, o TPI gerou reações polarizadas, com israel expressando indignação e rejeitando os mandados de prisão sem precedentes contra netanyahu e Gallant.
Em resposta a essa situação, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, um conhecido defensor de netanyahu, anunciou que enviará um convite ao líder israelense para visitá-lo na hungria, interpretando isso como um ato de desafiador. O Irã, por sua vez, declarou que a decisão do TPI representa a “morte política do regime sionista”. Na europa, a França indicou que estava ciente das novas diretrizes legais e o Reino Unido afirmou que respeitará suas obrigações legais. O Hamas, por sua parte, cumprimentou a decisão do TPI como um “importante passo rumo à justiça”, embora não tenha mencionado o mandado de prisão emitido simultaneamente para o líder militar do grupo.
Adicionalmente, as tensões no líbano também se intensificaram, com israel lançando uma série de ataques contra alvos do hezbollah, que abrira uma nova frente de apoio ao Hamas. Recentemente, bombardeios atingiram subúrbios de Beirute, uma área de forte presença do movimento islâmico, após israel solicitar a evacuação da população. As incursões israelenses resultaram na morte de cinco equipes de resgate do hezbollah no sul do líbano, com o exército israelense intensificando suas operações em resposta a um aumento na atividade do grupo.
O governo de israel está empenhado em controlar a situação com o hezbollah, permitindo o retorno das 60 mil pessoas deslocadas no norte do país devido aos conflitos. Enquanto isso, o líbano enfrenta uma crise humanitária, com dezenas de milhares de cidadãos também deslocados em decorrência da escalada dos combates. Nesse cenário de crescente tensão e tragédia humanitária, a comunidade internacional observa atentamente o desenrolar dos eventos, que prometem profundas repercussões regionais e globais.