Engano Emocional e Financeiro
Um colete tático e uma farda preta foram os instrumentos utilizados por João Aguimar de Oliveira Júnior, um servidor comissionado da Administração Regional de Ceilândia, para enganar uma viúva de 45 anos. O homem, que se passou por policial de Goiás, estabeleceu um relacionamento amoroso com a vítima, levando-a a crer em mentiras que custaram um significativo prejuízo financeiro.
O esquema começou a se desenrolar quando João, aproveitando-se da fragilidade emocional da mulher, começou a alegar que estava endividado, com um débito de cerca de R$ 130 mil com agiotas, e que sua vida estava em risco. O desfecho dessa história triste ocorreu após uma série de transações financeiras que resultaram em um rombo nas contas da viúva, que acreditou nas mentiras do golpista.
Após a revelação do caso pela coluna Na Mira, o auxiliar administrativo, que recebia um salário líquido de R$ 1,6 mil, teve sua exoneração publicada no Diário Oficial do DF (DODF) no dia 28 de julho. Neste momento, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) já estava atenta e iniciou uma investigação sobre o caso, após a vítima perceber que havia sido alvo do famoso “golpe do amor”.
O Ápice do Estelionato
O golpe atingiu seu clímax quando a mulher foi persuadida a vender sua casa, avaliada em R$ 1,5 milhão. João, o autoproclamado Don Juan, ficou com uma boa parte do dinheiro e se afastou em um luxuoso carro, um Volvo S60 T5, de aproximadamente R$ 200 mil. Contudo, o veículo foi devolvido à concessionária assim que o golpista soube que a viúva pretendia acionar as autoridades.
O romance teve início em março deste ano, quando a viúva conheceu João em Ceilândia, por meio de amigos em comum. Logo depois, o falso policial pediu a mão da mulher em namoro. Apenas 15 dias após o primeiro encontro, o casal já apresentava familiares um ao outro. Um mês depois, o plano encoberto de João começou a se concretizar, quando ele alegou ter contraído uma dívida exorbitante com um agiota.
Manipulação e Desespero
Com a história de que sua vida estaria em perigo, o golpista manipulou a viúva de forma ardilosa. Ao longo de 45 dias de relacionamento, ele frequentemente desaparecia, chegando a ficar até quatro dias sem contatar a mulher. Quando voltava, justificava sua ausência com relatos de ameaças e promessas de que tudo se resolveria em breve.
João alegava estar envolvido em negociações com o Governo do Distrito Federal para regularização de terras, um estratagema que apenas reforçava a confiança da viúva em suas mentiras. A mulher, acreditando que sua ajuda financeira era crucial para a sobrevivência do parceiro, fez diversas transferências via Pix. Ao todo, esse montante somou R$ 26,3 mil, dinheiro que ela acreditava estar salvando a vida do amado.
O Outro Lado da História
Com a investigação da PCDF em andamento, os advogados de João Aguimar de Oliveira Júnior se manifestaram, negando veementemente as acusações. Em nota, a defesa afirmou que o cliente nunca recebeu qualquer quantia e que as conclusões a respeito dos fatos seriam, portanto, precipitadas e especulativas. Eles acrescentaram que João aguarda o momento apropriado para apresentar suas alegações perante a Justiça.
O desfecho desse caso ainda está por vir, mas ele levanta importantes questões sobre a vulnerabilidade emocional e as armadilhas que o amor pode apresentar. A tragédia é um lembrete da necessidade de cautela nas relações, especialmente em tempos de fragilidade emocional.