Esclarecimento da Gol Linhas Aéreas
Após a Procuradoria-Geral da República (PGR) levantar suspeitas sobre a possível falsificação de um bilhete aéreo por Anderson Torres, ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, a Gol Linhas Aéreas S.A. se manifestou oficialmente. A companhia informou que não encontrou registros de voos no itinerário Brasília/Orlando associados ao nome de Torres.
Na noite de segunda-feira, 14 de julho, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o parecer final da Ação Penal nº 2.668, que investiga uma suposta conspiração golpista. O documento, com 517 páginas, requer a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seus aliados.
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Em resposta às indagações da PGR, a Gol declarou que o localizador MYIDST, mencionado por Torres, não corresponde aos dados registrados sob seu nome. Além disso, a companhia afirmou não ter identificado voos no trecho Brasília/Orlando, especialmente o voo G3-9460, que o ex-secretário supostamente utilizou.
Anderson Torres, que atuou como ministro da Justiça durante o governo de Bolsonaro, argumentou que suas férias estavam agendadas desde julho de 2022, período durante o qual ocorreram os atos antidemocráticos.
A defesa de Torres sustenta que a passagem para Orlando foi adquirida em novembro de 2022. Contudo, até o momento, não foi apresentado qualquer comprovante da compra ou o bilhete físico correspondente. Em vez disso, Torres apenas apresentou o localizador: MYIDST.
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A PGR, em sua análise, questionou a versão apresentada por Torres, indicando que a falta de comprovação real sobre a viagem coloca em dúvida sua narrativa de que a viagem estava programada há muito tempo. A conclusão da PGR sugere que a ausência de evidências reais reforça a percepção de um afastamento deliberado e uma possível cumplicidade com as ações violentas que antecederam os eventos de 8 de janeiro.
As Férias de Torres e o Contexto Político
Anderson Torres assumiu o cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal em 2 de janeiro de 2023. Ele trabalhou até o dia 6 e, supostamente, entraria em férias a partir do dia 9. As suas férias foram autorizadas por Jair Bolsonaro em 27 de dezembro de 2022.
Registros revelam que o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, somente tomou conhecimento da viagem de Torres em 7 de janeiro, um dia antes dos atos antidemocráticos, quando o ex-secretário já teria chegado aos Estados Unidos. Na ocasião, Torres havia informado a seu substituto sobre sua ausência.
O governador expressou sua surpresa com a viagem de Torres e observou que, naquele momento, houve uma quebra de confiança em relação ao trabalho realizado pelo ex-secretário. Essa quebra de confiança culminou na exoneração de Torres do cargo.