O Desafio da Gestão de Pessoas no agronegócio
O agronegócio brasileiro tem avançado a passos largos em termos de produtividade, tecnologia e profissionalização. Contudo, a gestão de pessoas no setor agrícola ainda representa um desafio significativo para muitos produtores. A implementação de planos de cargos e salários, assim como a navegação pelas complexidades do INSS, exigem uma combinação de organização, estratégia e sensibilidade em relação aos trabalhadores.
A consultora Jacqueline Lubaski destaca que a percepção de que o planejamento de carreira é uma prática restrita ao ambiente urbano já não se sustenta. “Atualmente, estabelecer critérios claros de promoção, bonificação e valorização é crucial para motivar e reter colaboradores no campo”, afirma.
Por que Investir em um Plano de Cargos e Salários?
Um plano estruturado de cargos e salários pode trazer diversos benefícios, entre eles:
- Reconhecimento do tempo de serviço e experiência do funcionário;
- Prevenção da desmotivação, evitando que novos colaboradores recebam salários equivalentes aos de funcionários mais antigos;
- Estabelecimento de bases para crescimento horizontal e vertical;
- Incentivo ao desempenho por meio de avaliações periódicas;
- Diminuição da rotatividade e redução dos custos associados a novas contratações.
Uma sugestão prática é que os produtores classifiquem os níveis salariais com base no tempo de serviço, como um aumento de 5% a cada cinco anos, além de considerar o desempenho. “Cada propriedade pode adaptar as regras conforme sua realidade, mas a clareza na documentação é fundamental”, explica Lubaski.
Os Desafios do INSS nas Propriedades Rurais
Enquanto a gestão profissional se desenvolve, os desafios relacionados ao INSS tornam-se mais evidentes. Dificuldades como a escassez de agendamentos para perícias médicas, a falta de acesso digital e os longos prazos de espera têm gerado dificuldades tanto para os funcionários quanto para os empregadores.
Lubaski relata casos de trabalhadores que ficam meses sem receber salário após um afastamento de 15 dias devido à incapacidade de realizar a perícia médica. Inicialmente, o empregador é responsável pelo pagamento dos primeiros 15 dias, mas a partir do 16º dia, a responsabilidade recai sobre o INSS. A falta de atendimento pode levar à ausência de renda, afetando diretamente a operação das fazendas.
Como os Produtores Podem Contribuir?
Diante desse cenário desafiador, algumas medidas têm sido implementadas pelos produtores:
- Antecipação de férias ou do 13º salário;
- Fornecimento de cestas básicas ou auxílio dos colegas;
- Facilitação do acesso ao portal Gov.br;
- Fortalecimento da comunicação com sindicatos e órgãos públicos.
A moradia na fazenda pode ajudar a mitigar algumas dificuldades, mas a situação demanda atenção do poder público. A falta de estrutura do INSS em cidades do interior compromete a dignidade daqueles que trabalham no campo.
Etapas para a Implementação de um Plano de Cargos
De acordo com Lubaski, a adoção de um plano de cargos deve seguir quatro etapas fundamentais:
- Realização de uma pesquisa salarial na região para evitar disparidades;
- Condução de uma pesquisa de clima organizacional para captar as necessidades dos funcionários;
- Definição de critérios claros para progressão na carreira (considerando tempo de serviço, desempenho ou formação);
- Comunicação transparente sobre as possibilidades de crescimento e os níveis estabelecidos.
Pequenos ajustes podem gerar um grande impacto. Muitas vezes, benefícios como um vale-alimentação ou um plano de saúde podem ser mais valorizados pelos colaboradores do que um simples aumento salarial.
Para aprofundar no tema, assista à entrevista completa com Jacqueline Lubaski no programa A Protagonista, onde ela compartilha experiências práticas e orientações sobre como estruturar uma gestão mais eficiente e humana no agronegócio.