A jabuticaba, comumente chamada de “uva brasileira”, é uma fruta de grande importância na cultura e na biodiversidade do Brasil. No coração do Distrito Federal, a apenas 30 km do centro de brasília, Kamilla Nunes, de 38 anos, e Orlando de Azevedo, de 70 anos, dedicam-se ao cultivo dessa fruta em uma propriedade localizada no Centro Equestre Catetinho, na região do Riacho Fundo II, há mais de 20 anos. O trabalho do casal não apenas valoriza essa fruta icônica, mas também contribui para a preservação da tradição agrícola brasileira.
A produção de jabuticaba na propriedade de Kamilla e Orlando é sustentada por um importante apoio do Governo do Distrito Federal (GDF). Por meio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), o GDF oferece suporte técnico a mais de 40 produtores de jabuticaba na região. Esse apoio inclui desde a seleção das mudas mais adaptadas ao clima do Cerrado até a implementação de práticas de manejo sustentável. Além disso, a Emater disponibiliza cursos e palestras focados em temas como cultivo, irrigação, poda e controle de pragas, visando aprimorar a produtividade e a qualidade da jabuticaba, uma fruta muito apreciada no Brasil.
Em 2023, a produção de jabuticaba no Distrito Federal atingiu a marca de mais de 19 mil toneladas cultivadas em uma área de 4,7 hectares, resultando em um valor bruto de R$ 214,6 mil. Esses números expressivos demonstram o grande potencial da região para a produção dessa fruta, que é a base para uma variedade de produtos, incluindo sucos, geleias, licores e vinhos, atraindo o interesse de consumidores amantes da gastronomia.
Na propriedade, os 70 pés de jabuticaba são cultivados com irrigação moderna e suas frutas são transformadas em deliciosas geleias, molhos e licores. Kamilla enfatiza a importância da assistência técnica fornecida pela Emater na utilização correta do solo, já que o casal visa expandir a produção e transformar o local em um polo gastronômico especializado em jabuticaba. Ela destaca que a fruticultura tem vindo a crescer significativamente no Distrito Federal. A presença da jabuticaba nesta região, onde normalmente as pessoas cultivam apenas algumas mudas para consumo próprio, surpreende, revelando o potencial do Cerrado como um grande produtor desta fruta.
Paulo Ricardo da Silva Borges, técnico da Emater, reforça essa perspectiva ao afirmar a importância de evidenciar o Cerrado e o Distrito Federal como uma região promissora para o cultivo da jabuticaba. O suporte oferecido pela Emater se inicia com o cadastro dos produtores no sistema da empresa, seguido por visitas técnicas para avaliar a produtividade e o potencial de cada região. A partir desse diagnóstico, são oferecidas orientações sobre manejo, plantio e outros aspectos relevantes do cultivo, abrangendo uma visão holística sobre a agricultura local.
Além do suporte técnico, o GDF também envidou esforços na regularização fundiária das terras na região, um fator fundamental para os produtores. Para Orlando de Azevedo, a conquista do título de propriedade é um marco significativo, que representa não apenas reconhecimento, mas também a valorização do trabalho rural. Segundo ele, a assistência do GDF tem sido crucial na superação de obstáculos burocráticos.
Com mais de 27 mil hectares de terras analisadas desde outubro de 2023, a Empresa de Regularização de Terras Rurais (ETR) já resultou em mais de 400 contratos de Concessão de Direito de Uso Oneroso (CDU), totalizando 10.826 hectares legalizados. Essa regularização é vista como uma oportunidade valiosa para o fortalecimento da agricultura no Distrito Federal.
Em um passo emocionante para a valorização da jabuticaba e da cultura local, Kamilla e Orlando organizarão a primeira edição do Festival da jabuticaba nos dias 5 e 6 de outubro. Durante o festival, os participantes terão a chance de saborear delícias preparadas com essa fruta única, experimentando uma variedade de pratos que destacam seus sabores autênticos e características regionais. Kamilla ressalta que eventos como este proporcionam uma conexão direta entre consumidores e o meio rural, quebrando a dependência de supermercados e atacadistas.
A programação do festival incluirá atividades como degustações de licores e pratos típicos, além de um almoço especial e uma sobremesa inédita. Os visitantes também aprenderão sobre a história da jabuticaba e a relevância dessa fruta para a biodiversidade brasileira, acompanhados por uma visita guiada às exuberantes plantações da chácara. Esse evento, mais do que uma celebração, é uma demonstração do potencial do Distrito Federal na produção agrícola e do valor cultural da jabuticaba.