Na semana da consciência negra, o brasil se prepara para receber os líderes das 20 maiores economias do mundo, um evento que ocorre em um contexto histórico e significativo, já que, pela primeira vez, o dia 20 de novembro será celebrado como feriado nacional. Este momento é crucial para estimular discussões sobre a cooperação internacional e o desenvolvimento sustentável, temas que são extremamente relevantes, especialmente quando consideramos os desafios relacionados à desigualdade racial. A luta contra o racismo e para garantir a igualdade social é um elemento essencial que não pode ser ignorado nas agendas voltadas ao progresso global.
No panorama mundial, a desigualdade econômica continua a ser um dos principais entraves para o desenvolvimento, perpetuando a marginalização de comunidades negras, indígenas e outras minorias ao redor do planeta. A exclusão social, decorrente de uma história profundamente marcada pela discriminação, tem efeitos devastadores, especialmente em relação ao acesso à educação e aos serviços de saúde. Essa realidade, caracterizada pela falta de oportunidades, intensifica a marginalização e perpetua um ciclo de pobreza que é difícil de romper. A desigualdade racial e social não apenas restrige as oportunidades para essas populações, mas também reforça a necessidade urgente de diversidade nas esferas de poder, incluindo a estrutura política e econômica do G20.
Ainda mais alarmante é a ausência de representatividade das vozes marginalizadas nos processos decisórios que impactam suas vidas. Essa falta de inclusão nos fóruns internacionais tem consequências diretas para as políticas que deveriam abordar suas necessidades e aspirações. Portanto, há uma oportunidade significativa para que os líderes do G20 reflitam sobre a necessidade de inserir esses desafios nas discussões, reconhecendo que o desenvolvimento sustentável não pode ser alcançado sem um compromisso real com a equidade racial.
Dados recentes revelam uma realidade chocante no brasil, sede do G20. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2022) aponta que 77% das vítimas de homicídios no país são negros, demonstrando uma crítica falta de segurança e proteção para as comunidades afro-brasileiras. Além disso, tragicamente, 56% dos jovens mortos por armas de fogo e 71% dos jovens mortos por policiais também pertencem a essas populações marginalizadas. Em um único mês de novembro, que coincide com a consciência negra, estima-se que 743 jovens negros se tornem vítimas de violência, um número que supera até mesmo as perdas de vidas em conflitos armados em outros lugares do mundo.
Para que possamos transformar essa situação alarmante, é imperativo que se introduzam políticas inclusivas e estratégias de cooperação que priorizem a diversidade nas lideranças. A promoção de ações afirmativas que visem a inclusão racial, a conscientização sobre o racismo e o fortalecimento educacional são passos fundamentais que o brasil e os outros países do G20 devem considerar em suas pautas. Ao discutir esses temas em um país que é um dos mais desiguais do mundo, onde a desigualdade racial é uma realidade visível e enraizada, é essencial que prosperem diálogos significativos sobre reparações históricas e a responsabilidade que essas nações têm com o continente africano e seus descendentes.
Oportunizar debates transparentes e verdadeiramente inclusivos sobre a dívida histórica e moral destes países é uma necessidade premente. Caso contrário, corremos o risco de ver mais uma cúpula que se tornará apenas uma reunião cerimonial, sem ação concreta e significativa para aqueles que enfrentam as consequências históricas de centenas de anos de injustiças. O mundo precisa avançar em direção a um futuro onde a igualdade racial e econômica esteja no centro das prioridades globais, assegurando que as vozes das populações marginalizadas sejam não apenas ouvidas, mas também valorizadas nas decisões que moldam suas vidas.