Motivações e investigações sobre os Ataques a ônibus
A Delegacia Especializada de investigações Criminais (Deic) de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, prendeu, na terça-feira, 22, um homem suspeito de estar envolvido em uma série de vandalismos a ônibus na capital e em municípios vizinhos. O detido, Edson Aparecido Campolongo, teria confessado sua participação em atos de danificação de 16 veículos no dia 17 de julho, além de uma ação similar ocorrida na Avenida Jorge João Saad, em São Paulo, no dia 15, que resultou em ferimentos em uma criança de 10 anos devido a estilhaços. A defesa de Campolongo não foi encontrada pela reportagem.
As investigações indicam que os ataques foram meticulosamente planejados, e Edson é acusado de recrutar comparsas para promover os atos de vandalismo. ‘Estamos realizando uma série de prisões. Hoje, mais um indivíduo foi detido por vandalizar ônibus, e, surpreendentemente, ele é um servidor público. Nós adotaremos todas as medidas necessárias. As motivações por trás desses ataques variam, e nossa investigação está explorando todas essas possibilidades. A quantidade de incidentes vem diminuindo, com apenas um ou dois ocorrendo diariamente agora’, afirmou o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) enquanto participava de uma cerimônia em Rio Claro, no interior paulista.
O Papel dos Irmãos e Novas Revelações
A polícia rastreou Edson através de um veículo que frequentemente aparecia próximo aos locais dos ataques. A investigação revelou que ele atuava em conjunto com seu irmão, Sérgio Aparecido Campolongo, que também teve sua prisão preventiva solicitada pelas autoridades, mas ainda não foi encontrado.
Durante seu depoimento, Edson alegou que suas ações visavam ‘consertar o Brasil’. Contudo, as investigações não encontraram evidências que ligassem o suspeito a líderes políticos, sindicatos ou facções criminosas, embora essa possibilidade ainda não tenha sido descartada.
Atualmente, as autoridades acreditam que os ataques não eram direcionados a empresas específicas, mas sim aleatórios, com foco em São Bernardo do Campo e na cidade de Osasco, ambas na região metropolitana de São Paulo. Um dos ataques foi realizado com um coquetel molotov, que, felizmente, não explodiu; a perícia deve confirmar a natureza do artefato.
Consequências e Implicações das Ações Vandalistas
Os irmãos enfrentam acusações por dano qualificado e atentado à segurança de transporte público. Se confirmada a utilização do coquetel molotov, eles poderão ser responsabilizados também por tentativa de homicídio. As investigações continuam, com a polícia analisando a possibilidade de que uma rivalidade entre empresas de transporte possa estar fomentando os atos de vandalismo.
Dentre as hipóteses, as autoridades consideram que algumas empresas de viação poderiam estar tentando incutir um clima de medo para forçar mudanças no sistema de transporte público da capital. Outra linha de investigação enfoca possíveis disputas sindicais.
A Polícia segue em busca de identificar todos os envolvidos nos ataques. As revelações desta terça-feira não excluem as teorias já levantadas sobre as motivações. O delegado Ronaldo Sayeg, diretor do Deic, mencionou a possibilidade de um ‘efeito manada’, onde as ações são impulsionadas por um contágio social. ‘Não acreditamos que exista apenas uma motivação. O chamado efeito manada, um contágio de propósitos, pode estar em jogo aqui’, analisou.
Desde o dia 12 de junho, dados da SPtrans revelam que 530 veículos do sistema municipal de transporte da capital foram alvo de vandalismo. Somente entre os dias 21 e 22 de julho, ocorreram seis ataques em diferentes regiões da cidade. Até agora, 22 suspeitos foram detidos, incluindo 14 adultos, 7 adolescentes e uma criança, demonstrando que muitos dos incidentes foram isolados e sem uma motivação clara.

