Funcionário Público Acusado de Vandalismo Contra Transporte Público
A Polícia Civil realizou a prisão preventiva de um homem nesta terça-feira, 22, em São Bernardo do Campo, suspeito de estar envolvido em pelo menos 18 ataques a ônibus nas cidades de São Paulo e na região metropolitana. O acusado, identificado como Edson Aparecido Campolongo, de 68 anos, é servidor público há três décadas e atuava como motorista para a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), onde dirigia para o chefe de gabinete.
Ainda não conseguimos contato com a defesa de Campolongo. As motivações para os ataques permanecem pouco claras, embora ele tenha alegado em seu depoimento que realizava os atos para “consertar o Brasil”.
Campolongo mantinha um perfil ativo nas redes sociais, onde frequentemente publicava mensagens contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e movimentos de esquerda, além de postagens que exaltavam o ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo o delegado Júlio César Teixeira, que liderou a investigação, o servidor negou qualquer filiação a partidos políticos ou sindicatos.
Investigações Revelam Possíveis Motivações para os Ataques
A disputa sindical é uma das teorias levantadas para explicar a onda de vandalismo no transporte público da capital e na Grande São Paulo. Desde o início deste mês, mais de 530 ataques foram documentados pela SPTrans. Em depoimento, Campolongo admitiu ter participado de 17 ações, mas alegou arrependimento pelos atos. Além disso, as investigações indicam que ele planejou os ataques com antecedência.
O acusado também mencionou que seu irmão, Sergio Campolongo, estava envolvido nas ações. A polícia solicita a prisão preventiva de ambos, mas Sergio ainda não foi encontrado. Ambos respondem por crimes de dano qualificado e atentado à segurança do transporte.
Foco das Ações dos Irmãos em São Bernardo e Osasco
Os ataques cometidos pelos irmãos se concentraram nas cidades de São Bernardo do Campo e Osasco. Edson confessou sua participação em 16 incidentes, todos ocorridos no dia 17, além de um ataque na Avenida Jorge João Saad, no Morumbi, no dia 15, onde uma criança de 10 anos ficou ferida por estilhaços após uma bolinha de gude ser lançada contra a janela de um ônibus. Durante as buscas na casa e no local de trabalho de Campolongo, foram encontrados bolinhas de metal e um estilingue.
Domingos Paulo Neto, delegado seccional do ABC Paulista, afirmou que a polícia chegou até o suspeito ao rastrear seu veículo, que frequentemente era visto nas proximidades dos locais dos ataques. “Muitos dos outros indivíduos identificados participaram apenas uma vez e não apresentaram uma causa. No caso do servidor, conseguimos conectá-lo a várias cenas de crime”, explicou o delegado.
Motivações Diversificadas e Efeito Manada
A polícia está investigando duas principais hipóteses para a onda de vandalismo: brigas sindicais e conflitos entre empresas de transporte, que podem estar tentando criar um clima de medo para pressionar a Prefeitura a realizar mudanças no sistema de transporte público. Contudo, não está descartada a possibilidade de que os ataques sejam resultado de um “efeito manada”, onde a falta de uma articulação maior permite que os atos ocorram de forma aleatória.
Segundo o delegado Ronaldo Sayeg, diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) de São Paulo, “acreditamos que não existe apenas uma motivação. Existe o efeito manada, o contágio, a intenção inicial, assim como em uma série de eventos que podem desencadear um comportamento coletivo”.

