Na quinta-feira, 10 de agosto, a Coordenação Regional de Ensino (CRE) do Recanto das Emas foi o palco do Fórum de educação Antirracista, um evento crucial para gestores e educadores das escolas da região. Essa iniciativa, que visa promover um ambiente educacional mais inclusivo e livre de discriminação, foi organizada em colaboração com importantes instituições como o Batalhão Escolar da Polícia Militar, a Defensoria Pública do Distrito Federal, a Polícia Civil, o Conselho Tutelar e representantes das áreas de Direitos Humanos e Diversidade.
A Secretaria de educação foi representada por profissionais da Diretoria de Serviços de Apoio à Aprendizagem da Subsecretaria de educação Inclusiva e Integral (Subin). Durante o evento, Shirley Fiúza, uma das representantes da Subin, destacou a relevância da união entre os órgãos públicos no desenvolvimento de protocolos eficazes para enfrentar o racismo nas instituições de ensino. “É fundamental a colaboração entre as entidades para que possamos criar um ambiente escolar seguro e acolhedor para todos os alunos”, enfatizou.
Além de abordar a importância da colaboração interinstitucional, Shirley destacou a necessidade de desenvolver materiais pedagógicos que possam capacitar professores e gestores. “É vital que tenhamos um suporte adequado para nossas equipes, para que elas possam lidar com situações extremas de violência e discriminação que possam ocorrer nas escolas”, explicou. Esse trabalho pedagógico é parte integrante do projeto de educação antirracista que vem sendo implementado ao longo do ano na região do Recanto das Emas.
As coordenadoras do projeto, Camila Lopes e Kelly Cristina da Silva, compartilharam que as atividades têm início desde março, começando com um fórum destinado aos professores. Isso foi seguido por um circuito de formação que incluiu 12 palestras realizadas nas escolas da região. Kelly acrescentou que o fórum de agora tem como principal objetivo capacitar os gestores escolares a reconhecerem o racismo e as medidas administrativas que devem ser adotadas diante dessas situações. “Como profissionais da educação, é nosso dever educar os alunos de forma a não normalizar atitudes discriminatórias”, ressaltou.
Durante o evento, foram apresentados dados significativos sobre a comunidade do Recanto das Emas, revelando que impressionantes 66,91% da população se identificam como negros. Isso se reflete também na composição de alunos e professores nas escolas locais, o que realça a importância do projeto de educação antirracista para promover a inclusão e a conscientização.
Mariana Ayres, coordenadora da Regional de Ensino do Recanto das Emas, também destacou o valor dessa proposta. “Era imprescindível a implementação de um projeto como este, que visa proporcionar o sentimento de pertencimento entre nossos estudantes e promover um ambiente educativo adequado”, afirmou.
Como parte das atividades educativas do fórum, os participantes tiveram a oportunidade de envolver-se em uma dinâmica interativa, onde assistiram a vídeos de casos reais de racismo em escolas. Cada membro da mesa teve que discutir a resposta adequada para as situações apresentadas. Para enriquecer as discussões, a delegada Ângela dos Santos, responsável pela Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual, esclareceu questões jurídicas envolvendo o racismo nas escolas. Ela explicou que “ações de racismo cometidas por crianças até 12 anos não são classificadas como ato infracional. Contudo, é essencial que qualquer ocorrência do tipo seja reportada ao Conselho Tutelar e ao ministério público, e que a escola realize um trabalho interno com os estudantes envolvidos”.
A delegada prosseguiu explicando que, para adolescentes que cometam atos infracionais, as instituições precisam informar não apenas o Conselho Tutelar, mas também a Delegacia da Criança e do Adolescente. Sua fala enfatiza a importância de abordar o tema da educação antirracista não apenas nas salas de aula, mas também no âmbito legal, para que todos estejam cientes de suas responsabilidades diante da discriminação.
Com esse tipo de iniciativa, o Fórum de educação Antirracista se propõe a oferecer uma resposta significativa às questões raciais nas escolas, buscando construir um futuro mais justo e inclusivo para todos os alunos do Recanto das Emas e além.