Resgatar a autoestima de mulheres que passaram pela mastectomia em decorrência do câncer de mama é o principal objetivo da força-tarefa de reconstrução mamária do Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Este projeto, que acontece anualmente, é fruto de uma colaboração entre o Governo do Distrito Federal (GDF) e a Secretaria de saúde (SES-DF), em parceria com a Sociedade Brasileira de cirurgia Plástica (SBCP). Este ano, a iniciativa terá um impacto significativo ao atender 50 mulheres com procedimentos de reconstrução mamária, além de proporcionar a micropigmentação para a restauração das aréolas de 15 pacientes.
As cirurgias no HRT tiveram início na segunda-feira (14) e se estenderão até sábado (19). A programação inclui mais um mutirão de cirurgias, que será realizado no final deste mês, especificamente de 21 a 25, no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), onde mais dez mulheres serão beneficiadas com a reconstrução mamária. Essas operações são realizadas de forma contínua, contando com o suporte de mais de 70 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, além de quatro tatuadores que se dedicam voluntariamente a essa causa nobre.
A vice-governadora Celina Leão enfatizou a importância desse mutirão, afirmando que ele é essencial para as mulheres afetadas por procedimentos cirúrgicos invasivos, como a mastectomia. Ela destacou que a promoção do bem-estar integral é uma parte fundamental do tratamento e recuperação de pacientes com câncer de mama, pois a superação desse desafio envolve não apenas a melhoria física, mas também a restauração da autoestima e da autoconfiança. Leão ressaltou que o apoio emocional e a empatia, promovidos durante campanhas como o Outubro Rosa, são fundamentais para quebrar o ciclo de isolamento ao qual muitas pacientes são submetidas durante sua jornada.
Na abertura oficial da nona edição da força-tarefa, realizada na terça-feira (15), a secretária de saúde, Lucilene Florêncio, ressaltou a relevância de garantir dignidade às mulheres que sofreram a remoção total ou parcial da mama. Florêncio também destacou o compromisso contínuo do GDF em estimular a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama, realizando mensalmente cerca de 2 mil mamografias e oferecendo assistência adequada às pacientes.
“Hoje é um dia de celebração para as 50 mulheres que receberão cirurgia neste ano e para todas aquelas que foram beneficiadas desde o início do Outubro Rosa aqui no Hospital de Taguatinga”, expressou Florêncio. “Dispomos de uma rede robusta de cuidados, permitindo um diagnóstico precoce e um tratamento eficaz, contribuindo para vidas longas e gratificantes.”
O diretor do HRT, José Henrique Barbosa de Alencar, destacou que esse movimento, que se tornou uma tradição desde 2016, é possível graças ao esforço conjunto de diversos especialistas. Ele observou que colegas da cirurgia plástica e outros profissionais de saúde dedicam seu tempo para restituir a dignidade às pacientes que enfrentaram a mastectomia. “Estamos devolvendo autoestima e reconstruindo as mamas dessas mulheres, que passaram por uma experiência extremamente difícil”, comentou Alencar.
A supervisora do Centro Cirúrgico do HRT, Mônica Dias, informou que as participantes do mutirão são escolhidas com base em uma lista de prioridade da rede pública. Antes da reconstrução, elas passam por uma avaliação completa, incluindo uma série de exames. “Este ano, o objetivo é operar 50 mulheres, garantindo que elas saiam satisfeitas e felizes. Para nós, a equipe, é gratificante saber que estamos fazendo a diferença”, disse Dias. Ela adicionou que a mama desempenha um papel fundamental na identidade das mulheres, e que a transformação da autoestima é palpável, com pacientes se sentindo renovadas após os procedimentos.
Com a chegada do Outubro Rosa, os corredores do HRT foram adornados com uma decoração especial, que celebra a beleza e resiliência de cada mulher. Entre os colaboradores estão servidores da unidade, como as técnicas de enfermagem Maria Ivaneide da Silva, Carla Nascimento e Olivia Inacio Bernardo, que dedicam seu tempo à campanha há mais de dez anos. “Criamos um ambiente acolhedor, decorando para que as pacientes sintam-se apoiadas durante seus tratamentos. Este ano, nós incorporamos símbolos de esperança”, comentou Carla.
Além das decorações, o trio também produziu toucas de cetim e cerca de 200 canetas que serão distribuídas entre voluntários, pacientes e acompanhantes. Maria revelou que a produção é feita em seus momentos livres, ressaltando que essa é uma maneira de contribuir para o bem-estar dos outros. Olivia, que viveu na pele a experiência do câncer de mama, expressou sua gratidão por poder ajudar as outras mulheres, afirmando que a luta contra a doença traz vida e renovação, e que todas devem manter a esperança durante o processo de recuperação.
O diagnóstico precoce é uma prioridade nas unidades básicas de saúde (ubss), que funcionam como o primeiro ponto de contato para acompanhamento e tratamento. As pacientes submetem-se a avaliações que, caso necessário, resultam em encaminhamentos para mamografias na rede pública. Diante de dados alarmantes do Instituto Nacional de câncer, que prevê mais de 73 mil novos casos de câncer de mama no Brasil em 2023, a importância do diagnóstico precoce nunca foi tão relevante.
A recente lei nº 7.237/2023, sancionada pelo governador Ibaneis Rocha, estabelece critérios prioritários para a realização de mamografias, priorizando mulheres acima de 40 anos com histórico familiar ou que necessitam de avaliação urgente. Essa ação reflete o compromisso do governo em garantir o acesso ao diagnóstico e tratamento adequado, promovendo uma rede de cuidados eficaz para todas as mulheres.