**São Paulo – A força-tarefa da Secretaria da Segurança Pública (SSP) iniciou na manhã desta sexta-feira (22/11) a execução de oito mandados de busca e apreensão relacionados à investigação do assassinato do delator Antonio Vinícius Gritzbach. Esses mandados estão direcionados contra policiais militares que foram afastados de suas funções devido à sua suposta participação no caso, uma vez que eles eram componentes da escolta particular do delator.**
A operação tem como foco a apreensão de dispositivos eletrônicos, como celulares e computadores, pertencentes aos agentes envolvidos. Esses itens serão analisados pela Corregedoria da Polícia militar, com o intuito de coletar provas e informações que possam esclarecer as circunstâncias da execução de Gritzbach. Esta investigação é parte de um inquérito que já tramita há mais de um mês, sendo instaurado pela própria Corregedoria, evidenciando a seriedade e a profundidade das investigações em torno deste caso.
Os oito policiais militares afastados foram alvo de um intenso processo de apuração, e já receberam convocações para prestar esclarecimentos sobre suas ações dentro do inquérito militar. O foco principal desta investigação é a possível violação do regulamento disciplinar da Polícia militar, uma vez que eles estavam atuando como escolta particular, o que é considerado inadequado e irregular conforme as diretrizes da instituição.
Antonio Vinícius Gritzbach, de 38 anos, foi brutalmente executado no dia 8 de novembro, em um local de grande movimento: a área de desembarque do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. O crime chocou a sociedade, especialmente por ter ocorrido na presença de sua namorada e numerosas testemunhas. O ataque foi extremamente violento, resultando em 29 disparos de fuzil, o que indica um planejamento meticuloso por parte dos executores.
Gritzbach tinha um histórico complicado, sendo jurado de morte pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das maiores facções criminosas do brasil. Ele havia retornado recentemente de uma viagem ao nordeste, onde passou sete dias com sua namorada e uma equipe de seguranças, incluindo um policial militar, que acabou envolvido na situação que culminou com sua morte.
As investigações da polícia se concentram na hipótese mais provável de que o PCC foi responsável pela execução de Gritzbach. Entretanto, o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, levantou a possibilidade de que policiais possam ter participação no crime, o que amplifica a gravidade da situação e levanta preocupações sobre a integridade dentro das forças de segurança.
Em sua delação premiada, Gritzbach forneceu detalhes cruciais sobre operações de lavagem de dinheiro realizadas pela facção, além de expor casos de extorsão envolvendo policiais civis. Por conta disso, tanto policiais civis quanto militares que foram citados na delação estão sendo afastados de suas funções enquanto a força-tarefa avança nas investigações.
Os policiais civis, por sua vez, estão sendo investigados também por sua conexão com a execução de Gritzbach. Documentos revelam que havia um envolvimento direto de policiais civis em um esquema de corrupção que rendeu R$ 11 milhões em propina, recebidos em dinheiro vivo, para manipular investigações que envolviam homicídios e tráfico de drogas. Tais informações foram recebidas pela Corregedoria da Polícia Civil, que deu início a uma apuração sigilosa em outubro, com o intuito de individualizar a conduta de cada um dos envolvidos.
Artur Dian, delegado-geral, destacou a importância de garantir que as apurações sejam realizadas de acordo com a lei orgânica, ressaltando que é necessário um procedimento administrativo disciplinar para que não existam dúvidas sobre autoria e materialidade dos crimes. Nesse sentido, a Corregedoria busca reunir o maior número possível de provas e evidências que sustentem a investigação.
Até o momento, a investigação não resultou em prisões definitivas relacionadas ao caso de Vinícius Gritzbach, embora a força-tarefa continue trabalhando arduamente para avançar nas apurações e trazer à luz as circunstâncias que cercam este crime brutal. A sociedade aguarda ansiosamente por respostas em um caso que expõe a complexa relação entre criminalidade organizada e os agentes da lei.