A polêmica das Lives
A câmera é ativada com um clique, e a iluminação se ajusta de forma rápida. O jaleco branco, que simboliza o cuidado e a expertise na saúde, é desabotoado com uma certa lentidão, marcando o início de mais uma live carregada de energia e sensualidade. O que poderia ser uma rotina comum para uma produtora de conteúdo adulto se transforma em algo muito mais debatido, especialmente por ser realizado em ambientes hospitalares.
No cenário, é possível ver uma maca improvisada e um estetoscópio, elementos que tornam o ambiente ainda mais sugestivo. Do outro lado da tela, uma audiência ansiosa, composta por dezenas, às vezes até centenas de espectadores, aguarda pelas exibições da “Dra. Potente”, nome que se tornou conhecido entre os fãs. Apesar de ser uma profissional de saúde, a fisioterapeuta aproveita seu tempo de trabalho para proporcionar entretenimento aos seus seguidores e, ao mesmo tempo, incrementar sua renda mensal.
O cenário é reminiscentemente hospitalar. O jaleco bordado com o símbolo da fisioterapia intensifica um certo fetiche, enquanto a máscara cirúrgica serve tanto para ocultar sua identidade quanto para aumentar a excitação dos espectadores. A mulher mantém um perfil voltado para a troca de conteúdo íntimo por recompensas financeiras. As transmissões estão repletas de momentos que provocam uma certa indignação, e a morena leva suas lives até banheiros, supostamente dentro de unidades de saúde.
Demissão e Backstage da Profissão
Em seu perfil profissional, a morena de cabelos longos relata que trabalhava no Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS). Para esclarecer a situação, a redação entrou em contato com o instituto, que confirmou que a mulher não faz parte do quadro de funcionários, tendo sido demitida há alguns anos.
De acordo com a comunicação oficial do INTS, “A fisioterapeuta foi admitida no Hospital Municipal Guarapiranga (SP) em 22 de janeiro de 2021 e desligada meses depois, em 29 de março do mesmo ano.” Esse detalhe levanta questões sobre a responsabilidade das instituições de saúde em relação ao comportamento de seus ex-funcionários, especialmente em relação ao uso de símbolos que remetem ao hospital.
Cam Sex e as Fronteiras Legais
A prática conhecida como “cam sex”, onde mulheres realizam transmissões ao vivo e recebem compensação financeira dos espectadores, não é considerada ilegal. No Brasil, a produção consensual de conteúdo adulto é uma atividade legal, desde que respeitadas algumas normas. Contudo, o que se complica é o uso de símbolos institucionais, como jalecos com logos de hospitais, ou a gravação de conteúdo em locais de trabalho, que podem flertar com questões éticas e legais.
Assim como em casos anteriores de controvérsias envolvendo profissionais da saúde e o uso de suas credenciais em contextos inadequados, a Dra. Potente suscita um debate necessário sobre a linha entre a liberdade de expressão, a ética profissional e a responsabilidade social. Essa situação exemplifica a necessidade de uma reflexão mais profunda sobre essas questões, principalmente no que diz respeito às consequências de ações que podem afetar a imagem das instituições de saúde.