NAPERVILLE, Illinois, 24 de outubro – Na última semana, os exportadores dos Estados Unidos realizaram vendas excepcionais de milho, atingindo volumes que, historicamente, eram observados apenas quando a China estava ativa no mercado. Curiosamente, a China não participou deste movimento, e suas intenções de importação permanecem incertas no momento.
Essas vendas robustas refletem um suprimento abundante e competitivo de milho proveniente dos EUA, posicionando o país para manter seu status como maior exportador mundial na temporada 2024-2025. Durante a semana encerrada em 17 de outubro, as vendas externas de milho dos EUA totalizaram impressionantes 4,18 milhões de toneladas métricas, equivalentes a 164,7 milhões de bushels. Esse número superou ligeiramente as previsões do mercado, destacando-se como um dos melhores desempenhos nas últimas duas décadas, com apenas quatro outras semanas registrando totais mais elevados, todas entre janeiro e março de 2021.
Embora os números sejam promissores, é importante notar que as vendas específicas para a China foram mínimas, atingindo apenas 10.000 toneladas, o que representa uma parte irrisória de uma carga típica. Isso indica que, até o momento, a China não se mostrou um player ativo no mercado de milho dos EUA para a próxima temporada. Nos últimos doze meses, as exportações de milho para a China caíram substancialmente, com cerca de 3 milhões de toneladas enviadas, marcando a menor quantidade em quatro anos e uma queda acentuada em relação ao pico registrado na temporada 2020-2021, quando as exportações ultrapassaram 21 milhões de toneladas.
Durante a última temporada, a China importou aproximadamente 30 milhões de toneladas de milho, mas as projeções para 2024-2025 variam entre 13 milhões e 19 milhões de toneladas. Um fator adicional que tem impactado o comércio é a crescente parceria entre brasil e China, que, desde dois anos atrás, começou a abocanhar uma fatia considerável do mercado, limitando as oportunidades para os exportadores americanos.
Um aspecto intrigante das vendas recentes é o aumento nas transações de milho para destinos não revelados. Esta tendência tem suscitado especulações de que a China possa estar comprando milho de forma discreta. Historicamente, as vendas para destinos desconhecidos atingiram picos em 2020-2021, um período caracterizado pela forte presença da China no comércio de milho dos EUA. Apesar dessa teoria, deve-se considerar que, em anos anteriores onde a China não era um fator relevante, as reservas desconhecidas também foram amplas, como em 2016-2017 e 2017-2018, anos que apresentaram sólidos resultados para as exportações americanas.
Assim, por ora, é prudente interpretar as vendas inesperadas para destinos não especificados como um sinal de um ano agrícola promissor, possivelmente indicando um aumento no interesse de compradores não tradicionais. Contudo, essa situação merece atenção, já que os compromissos com destinos desconhecidos corresponderam a 21% das reservas de milho dos EUA para 2024-2025, a maior proporção em oito anos.
A última semana também teve como destaque uma significativa venda de 1,6 milhão de toneladas para o México, distribuídas entre as safras de 2024-2025 e 2025-2026. Apesar de tradicionalmente observarmos vendas expressivas para o México nesse período, o volume registrado não explica totalmente o fenômeno das vendas altas ocorridas recentemente. Para a próxima temporada, o México já se comprometeu a comprar cerca de 10 milhões de toneladas de milho dos EUA, um recorde para esta época do ano. No entanto, a saúde do programa de exportação americano depende de diversificação, evitando a excessiva dependência do México como único comprador.
É relevante mencionar que o Japão também está aumentando suas compras de milho dos EUA, com reservas em alta, e o Departamento de Agricultura dos EUA reportou recentemente uma venda significativa de 227.600 toneladas para o Japão, a primeira desde fevereiro, ressaltando a importância de mercados secundários.
No que se refere ao panorama geral, em 17 de outubro, as vendas de milho dos EUA contabilizavam 40% da projeção anual do USDA para 2024-2025, um marco elevado em comparação aos anos anteriores. Isso está acima da média histórica de 31% registrada entre 2015 e 2019, período em que a oferta estava abundantemente disponível e a China não participava ativamente.
A expectativa para as exportações de milho é otimista, considerando que os preços americanos estão competitivos em nível global, enquanto as ofertas do brasil caíram em relação ao ano anterior. Além disso, as exportações ucranianas enfrentam limitações, projetadas para níveis mais baixos que não eram vistos em sete anos. No entanto, a região central dos Estados Unidos enfrenta desafios com a seca, que tem comprometido os níveis de água do Rio Mississippi e atrasado as movimentações comerciais para o Golfo. As previsões climáticas indicam uma possível melhora, mas há temores de que o padrão de seca possa perdurar, impactando negativamente as exportações.
Dessa forma, a situação das vendas de milho dos EUA se apresenta com nuances, onde fatores internos e externos influenciam diretamente as decisões de compra e venda no mercado global. Isso cria um ambiente interessante e dinâmico para os exportadores, que precisarão ser estratégicos para garantir sua competitividade no mercado internacional.