MOSCOU, 16 de setembro – Os preços de exportação do trigo russo mantiveram-se estáveis na última semana, apesar das expectativas de que os volumes enviados continuem elevados durante o mês de setembro, seguindo as impressionantes altas registradas em agosto. O valor do trigo da nova safra, que possui 12,5% de proteína e com entrega FOB programada para outubro, atingiu a marca de US$ 216 por tonelada métrica, com um leve aumento de US$ 1, conforme relatório da consultoria de mercado IKAR.
Outra análise realizada pela Sovecon revelou que os preços do trigo russo, mantendo o mesmo teor de proteína, variavam entre US$ 217 e US$ 220 por tonelada. Esta estabilidade nos preços reflete a confiança do mercado na demanda consistente pelo trigo russo, que vem se destacando globalmente.
Recentemente, a GASC, autoridade egípcia de suprimento, concretizou a compra de 430.000 toneladas de trigo russo em uma negociação privada, conforme divulgado por fontes confiáveis. Essa aquisição confirma a crescente dependência de importadores por grãos russos, especialmente em tempos de incertezas nos mercados internacionais.
A Sovecon estima que as exportações de trigo da Rússia para setembro alcancem entre 4,7 milhões e 5 milhões de toneladas, um número semelhante aos 4,9 milhões de toneladas exportadas no mesmo período do ano anterior. No entanto, as exportações semanais de grãos caíram para 0,99 milhão de toneladas, em contraste com as 1,06 milhão de toneladas registradas na semana anterior. Desses, aproximadamente 0,98 milhão de toneladas correspondem a trigo, uma redução em relação às 1,03 milhão de toneladas anteriores.
O clima na Rússia apresenta variantes, com a continuidade de condições secas em diversas regiões do sul do país. A situação se agrava com o registro de incêndios florestais na região de Rostov, uma das principais áreas de produção de grãos do país. Essas adversidades climáticas podem afetar a colheita e as operações futuras no setor agrícola.
Por outro lado, na Sibéria, o tempo seco deve contribuir para uma colheita mais dinâmica nas regiões que recentemente enfrentaram excessos de umidade, levando três áreas a declarar estado de emergência por conta do excesso de água no solo. Essa dualidade climática ressalta os desafios enfrentados pelos agricultores russos ao tentarem otimizar suas safras em um cenário tão variado.
O Ministério da Agricultura da Rússia confirmou na semana passada suas previsões para a colheita de grãos em 2024, mantendo uma estimativa de 132 milhões de toneladas. Além disso, as expectativas de exportação foram projetadas em cerca de 60 milhões de toneladas. A colheita atual, até 9 de setembro, atingiu 92,0 milhões de toneladas de grãos, com o trigo contabilizando 68,6 milhões de toneladas colhidas de uma área de 20,4 milhões de hectares. Esta quantidade representa uma queda em relação aos 80,0 milhões de toneladas obtidos em 21,4 milhões de hectares no ano passado, e uma produtividade média de 3,36 toneladas por hectare, comparada a 3,73 toneladas do ano anterior, segundo Sovecon.
Além disso, as semeaduras de grãos de inverno progrediram para 4,3 milhões de hectares, evidenciando uma diminuição em comparação aos 5,4 milhões de hectares semeados em 2023.
Em termos de preços de outros produtos agrícolas na Rússia, os dados mais recentes da Sovecon e IKAR revelam o seguinte panorama: o trigo doméstico de 3ª classe na parte europeia da Rússia, com exclusão de entregas, está cotado a 14.725 libras esterlinas por tonelada, com um aumento de 150 libras. As sementes de girassol estão avaliadas em 33.375 libras por tonelada, um acréscimo de 2.050 libras. O óleo de girassol, por sua vez, subiu para 81.675 libras por tonelada, enquanto a soja nacional alcançou 36.400 libras por tonelada, representando um aumento de 1.300 libras. Em contrapartida, as exportações de óleo de girassol estão cotadas a US$ 900 por tonelada, com uma leve queda de US$ 15, e o açúcar branco, no sul da Rússia, subiu para US$ 588,30 por tonelada, um aumento de US$ 8,59.
Esses dados refletem um panorama agrícola dinâmico e em evolução constante, com o setor de grãos da Rússia se adaptando às condições do mercado interno e externo.