A tendência de alta nos preços do café continua a se fortalecer, tanto no mercado futuro quanto no físico. Segundo Willian Freiria, gerente de operações de café da Cocapec, essa dinâmica foi observada novamente nesta quarta-feira (27), quando as bolsas internacionais registraram aumentos significativos. O café arábica viu um avanço de até 4,49% nas negociações em nova york, enquanto o robusta apresentou um impressionante aumento de 6,92% em londres, refletindo os contratos mais ativos e a crescente demanda no setor.
Freiria explica que a demanda por café permanece elevada, mas os estoques tanto para os torradores quanto para os produtores estão extremamente baixos. Isso resulta em uma oferta de café no mercado bastante restrita, uma vez que os produtores estão segurando o produto que ainda tem para comercializar, mas, mesmo assim, a quantidade disponível é limitada. Essa situação tem contribuído para o rally no mercado, principalmente nas vendas físicas do produto.
Além disso, o gerente aponta que, embora existam previsões de perdas na próxima safra, não há certeza sobre a magnitude dessas quebras. As consequências variam por região, o que gera instabilidade no mercado e mantém os preços em nova york acima de US$ 3,20 por libra-peso (lbp). A atual movimentação de venda é bastante contida, pois os cafeicultores, com estoques reduzidos, estão hesitando em vender, o que aumenta ainda mais a pressão sobre os preços.
Outro fator a ser considerado é o período particular relacionado ao imposto de renda e ao faturamento. Essa situação leva os agricultores a reterem sua produção para o próximo ano, o que, por sua vez, diminui a oferta disponível no mercado atualmente. Essa sequência de altas faz com que muitos produtores sintam que, ao oferecer menos no momento, podem estar esperando por um retorno financeiro ainda maior no futuro.
Nas negociações da Bolsa de nova york, o contrato para dezembro/24 do café arábica encerrou o dia com uma alta de 1.400 pontos, correspondendo a 4,49%, cotado a US$ 3,26 por libra-peso. Por sua vez, o contrato para março/25 subiu 1.420 pontos, marcando 4,60% de aumento, e fechou a US$ 3,23/lbp. O contrato de maio/25 teve um ganho de 1.440 pontos, ficando em US$ 3,20/lbp, enquanto o contrato para julho/25 viu avanço de 1.460 pontos, encerrando a US$ 3,15/lbp.
No mercado de robusta em londres, o valor do contrato para janeiro/25 subiu expressivos 358 pontos, encerrando a US$ 5.533 por tonelada, representando uma alta de 6,92%. O contrato para março/25 subiu para US$ 5.496 por tonelada, um aumento de 382 pontos, enquanto o contrato de maio/25 avançou 383 pontos, atingindo US$ 5.434 por tonelada. Para julho, o preço foi de US$ 5.360 por tonelada, marcando uma elevação de 390 pontos.
Analisando o cenário do mercado interno, Freiria destaca que as perspectivas de alta também se mantêm. Ele menciona que a região de Franca, em são paulo, enfrentou seis meses consecutivos sem chuvas, resultando em altas temperaturas que prejudicaram a cultura do arábica e impactaram negativamente no pegamento da florada. Essa situação leva à percepção de perdas crescentes nas lavouras ao longo do tempo.
A análise de preços mostra que algumas regiões estão praticando valores próximos a R$ 2.200,00 por saca de café. Freiria observa que, com a movimentação atual do mercado, é difícil afirmar que as altas tenham um fim definitivo, pois a tendência é que os preços em nova york possam continuar subindo, o que, consequentemente, também afetaria o preço físico, mesmo que de forma menos acentuada. Ele não vê sinais de retração nos preços nos próximos dias, especialmente diante da persistente baixa oferta de café.
No que diz respeito aos preços do café tipo 6, a bebida dura corrida chegou a R$ 2.180,00 por saca em Franca, um aumento de 5,31%. Em Varginha, Minas Gerais, o preço está em R$ 2.120,00 por saca, o que representa uma alta de 2,42%. Em Poços de Caldas, o café cereja descascado atinge R$ 2.185,00 por saca, um aumento de 2,34%, enquanto em Guaxupé o preço é de R$ 2.122,00 por saca, mostrando uma elevação de 3,66%. Esse cenário reafirma a ideia de que o mercado cafeeiro está experimentando um período de flutuação intensa e oportunidades de crescimento.