Fuga Atraente e Acusações de Conspiração
No dia 3 deste mês, Klaus Viana Munch, conhecido como Pepão, foi assassinado em Ubatuba, no litoral de São Paulo. Ele entrou em uma galeria no bairro Itaguá, enquanto um homem em uma moto vermelha o observava. Sem retirar o capacete, o assassino utilizou uma pistola para disparar contra a vítima, que foi atingida no piso superior da galeria. Após o crime, o atirador fugiu em direção a uma lancha, onde dois homens o aguardavam. Um deles, Douglas de Oliveira, que era o proprietário da embarcação, foi preso no dia 11, acusado de facilitar a fuga do criminoso. O que chamou a atenção das autoridades foi um depósito de R$ 3 mil realizado no dia seguinte ao assassinato. Esse valor teria sido transferido por Lucile Andrade Nascimento Couto, de 51 anos, identificada como a mandante do crime. Até o momento, apenas Douglas permanece detido, enquanto o executor e outros dois indivíduos também estão sob investigação.
A Motivo do Homicídio e Rivalidade no Jogo do Bicho
Klaus Viana Munch, condenado por organização criminosa e lavagem de dinheiro, respondia em liberdade quando foi assassinado com pelo menos cinco tiros nas costas. A motivação, conforme apurado pela Delegacia Seccional de São Sebastião, está relacionada à disputas na exploração do jogo do bicho em Ubatuba, onde Lucile, viúva de Moacir Ribeiro Couto, era uma figura proeminente. Moacir era considerado o patriarca de um clã de contraventores e, de acordo com investigações, Lucile teria encomendado o assassinato de Pepão, pagando um valor estimado em R$ 30 mil.
Histórico Familiar e Conflitos de Interesses
Pepão, que atuou na administração das apostas ilegais controladas pelo clã, era ex-genro de Moacir. A relação entre ele e Lucile se deteriorou após sua separação com a filha de Moacir, há cerca de cinco anos. Desde então, ambos continuaram a operar com jogos ilegais em Ubatuba, o que resultou em várias investigações contra Pepão, além de associações criminosas e lavagem de dinheiro. Em um documento judicial, Pepão admitiu sua participação no jogo do bicho, sendo o único réu a se manifestar nesse sentido em um processo onde ele foi considerado líder de uma organização criminosa. Ele assumiu a direção dos negócios ilegais em 2019, quando seu ex-sogro adoeceu e o indicou para manter as operações.
Lucros Milionários e Investigações em Andamento
Conforme relatórios policiais, Pepão teria lavado milhões através de uma empresa de fachada. Conversas interceptadas por ordem judicial revelaram que o clã de contraventores operava no jogo do bicho há 45 anos, contando com a colaboração de pelo menos 126 cambistas. Os conflitos entre Pepão e Lucile se intensificaram após a morte de Moacir, ocorrida em fevereiro de 2022, acirrado ainda mais pela luta pelo controle das operações do jogo do bicho na região.