Clima de Opressão e Desrespeito

Um ex-colaborador do B Hotel, que optou por permanecer anônimo, trouxe à tona detalhes alarmantes sobre a conduta do ex-gerente-geral, Alfredo Stefani Neto, de 64 anos. Acusado de humilhar e discriminar empregados no luxuoso hotel de Brasília, Alfredo se tornou uma figura central em um caso que levanta questões sérias sobre a cultura organizacional no setor hotelaria.

Embora não tenha sido alvo direto do ex-gerente, a testemunha, que trabalhou nas proximidades da sala de Alfredo, presenciou diversas ocasiões em que funcionários eram verbalmente agredidos. “Ele nunca me destratou, mas ouvia gritos e barulhos vindos da sala dele. Era um ambiente tenso”, relatou o ex-funcionário.

O ex-colaborador ainda destacou que Alfredo frequentemente direcionava seu comportamento agressivo a aqueles que “tinha mais a perder”, como gerentes que recebiam compensações financeiras significativas. Ademais, nas reuniões diárias, os funcionários eram obrigados a deixar seus celulares em uma caixa, limitando a possibilidade de registrar os episódios de desrespeito.

Comportamento Discriminatório e Hostil

Durante um evento social, Alfredo teria feito comentários inapropriados sobre a origem de uma gerente, ressaltando sua competência ao mesmo tempo em que a depreciava por ser “nordestina”. “Ele se referia a um buraco na sala dela como ‘o buraco da fulana de tal’, insinuando conotações sexuais”, acrescentou o ex-funcionário.

A homofobia também estava presente no comportamento de Alfredo. Em relação a uma festa LGBTQIA+ nas proximidades, o ex-gerente demonstrava desdém, afirmando que a presença de hóspedes desse grupo “não era boa para a imagem do hotel”. A situação se agravou quando tratou de forma desrespeitosa uma hóspede transexual, enfatizando a falta de respeito que os funcionários sentiam por ele. “O ambiente era opressivo, e todos vivíamos com medo de suas reações”, relatou ainda a testemunha.

Denúncias e Consequências Legais

O Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) tomou conhecimento da situação e, após uma série de investigações, denunciou Alfredo à justiça. O ex-gerente é alvo de acusações que vão além do simples desrespeito, envolvendo ofensas motivadas por discriminação de raça, origem regional, orientação sexual e identidade de gênero, afetando pelo menos nove vítimas.

A Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual (Decrin) finalizou a investigação e encaminhou os dados ao MPDFT. Os relatos incluem termos ofensivos como “nordestina burra” e declarações desdenhosas sobre a identidade de gênero das vítimas. Com a aceitação da denúncia, o Tribunal de justiça do DF deve levar o caso a julgamento, e se condenado, Alfredo pode enfrentar uma pena de até 10 anos de prisão.

Experiência e Reação do B Hotel

Natural de São Paulo, Alfredo Stefani Neto possui mais de 30 anos de experiência no setor de hotelaria, tendo atuado em diversas localidades, tanto nacionais quanto internacionais. Desde junho de 2022, ele estava à frente do B Hotel, um renomado estabelecimento que frequentemente hospeda delegações esportivas. Seu desligamento ocorreu em janeiro deste ano, após a gestão do hotel ser informada das denúncias.

Em resposta aos relatos, o B Hotel afirmou que, assim que tomou conhecimento das alegações, iniciou uma investigação interna. “Diante das evidências encontradas, tomamos a decisão de desligá-lo, pois seu comportamento não se alinha com nossos valores de respeito à diversidade e inclusão”, diz a nota da empresa. Além disso, o hotel anunciou a implementação de medidas para aprimorar seus mecanismos de controle, incluindo a contratação de consultores em diversidade e a promoção de treinamentos sobre respeito às diferenças e combate à discriminação.

Share.
Leave A Reply

Exit mobile version