Origem dos Profissionais no Mais Médicos
O programa Mais Médicos, que foi lançado em 2013, voltou a ser discutido recentemente após o governo dos Estados Unidos impor sanções a dois altos funcionários brasileiros envolvidos na iniciativa: Mozart Sales, o atual secretário de Atenção Especializada em Saúde, e Alberto Kleiman, ex-coordenador-geral da COP30. A principal justificativa apresentada pela administração de Donald Trump para essas sanções se baseia em uma suposta ligação dos servidores brasileiros com o regime cubano, que ainda vive sob severas restrições econômicas impostas pelos norte-americanos.
No início, o programa contava com uma grande participação de médicos cubanos, chegando a 60% do total. Porém, a situação se transformou ao longo dos anos. Atualmente, segundo dados do painel do programa, que é gerido pelo Ministério da Saúde, há 26.414 profissionais atuando no Mais Médicos, dos quais 22.709, ou impressionantes 85%, são brasileiros. O restante é composto por médicos de diversas nacionalidades, incluindo cubanos, bolivianos, venezuelanos, paraguaios e peruanos, entre outros.
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A Participação dos Estrangeiros
Embora os cubanos ocupem a liderança no número de estrangeiros, sua presença representa apenas 10% do total de médicos, com cerca de 2.700 profissionais. Logo em seguida, os bolivianos aparecem com 190 médicos, seguidos pelos venezuelanos com 79, paraguaios com 55 e peruanos com 45. Outras nacionalidades, como argentinos (31), colombianos (27), haitianos (14), equatorianos (13) e uruguaios (12), contribuem com pequenos números, sendo que muitos países têm menos de 10 profissionais disponíveis através do programa.
Críticas ao Modelo Cubano
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O modelo de contratação dos médicos cubanos foi alvo de intensas críticas. Esses profissionais chegavam ao Brasil por meio de um convênio com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que atuava como intermediária no pagamento. Parte do montante destinado pelo Brasil era retida pelo governo cubano, o que gerou acusações de exploração e trabalho forçado por parte de Washington. Em 2018, diante de críticas sobre a remuneração e a necessidade de validação de diplomas por meio do Revalida, Cuba decidiu romper o convênio e retirar seus médicos do país.
Com a saída dos cubanos, o governo de Jair Bolsonaro (PL) lançou o programa Médicos pelo Brasil, priorizando a contratação de profissionais brasileiros. Porém, com a nova administração de Luiz Inácio Lula da Silva, a marca “Mais Médicos para o Brasil” foi reativada em 2023, com foco em médicos formados no território nacional, mantendo os dois programas em operação.
A Função do Mais Médicos
O Mais Médicos foi criado para lidar com a carência de serviços de saúde em municípios com acesso difícil e em situações de vulnerabilidade. Atualmente, segundo o Ministério da Saúde, o programa está presente em mais de 4 mil municípios e possui 108 vagas reservadas especificamente para os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs), com o objetivo de melhorar o atendimento em regiões onde a presença de médicos é notoriamente escassa.
Este programa aceita não só médicos brasileiros com registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) ou que tenham diploma revalidado, mas também brasileiras formadas no exterior e médicos estrangeiros com habilitação obtida fora do Brasil — sem a necessidade de revalidação. Por outro lado, o Médicos pelo Brasil foca na contratação de médicos brasileiros, criando um vínculo direto por meio da Agência para o Desenvolvimento da Atenção Primária à Saúde (Adaps).