A Conexão entre Ancestralidade e moda no FANCY África

Dih Morais, um nome que já ressoa entre figuras proeminentes do Brasil como Thelminha, Karol Conká e Linn da Quebrada, está prestes a alcançar um marco significativo em sua carreira. Ele se tornará o primeiro estilista a apresentar uma marca quilombola no FANCY África, um prestigioso evento internacional de moda que ocorrerá de 22 a 27 de setembro em Maputo, Moçambique. Essa conquista, além de ser um feito pessoal, simboliza a oportunidade de dar voz às tradições e à cultura quilombola em um cenário global.

A trajetória de Dih não foi fácil. Ele, que vem de origens humildes, contou com uma rede de apoio excepcional para tornar este sonho possível. Uma vaquinha online mobilizou artistas renomados que se uniram para financiar sua viagem. “Essa vaquinha foi fundamental para mostrar que o conceito de Ubuntu, que significa humanidade para com os outros, é real e eu sou um exemplo disso”, afirmou o estilista em uma entrevista à coluna de Fábia Oliveira.

Dih expressa sua empolgação ao falar sobre a apresentação que fará. “Os espectadores podem esperar um retorno simbólico de um quilombo à mãe África. Esse será um momento inesquecível, não apenas um encontro de culturas, mas também uma verdadeira conexão”, enfatiza ele, demonstrando sua paixão pela ancestralidade e pela moda.

Significado e Impacto de Sua Coleção

Para Dih, sua coleção vai além da moda; ela representa resiliência e a reinterpretação de suas experiências de vida. “Cada peça que crio está ligada ao que não tive. Ao desenhar roupas e bolsas, busco suprir as lacunas da minha infância, quando as sacolas plásticas de mercado eram o único recurso disponível”, observa. Essa visão única e pessoal adiciona um valor emocional significativo a suas criações, tornando-as verdadeiros testemunhos da luta e da resistência.

No desenrolar da conversa, Dih reflete sobre a importância de sua participação no FANCY África: “Ser o primeiro estilista quilombola e baiano a desfilar aqui é uma oportunidade de abrir portas para outros. É uma prova de que sonhos podem se tornar realidade. Estamos mostrando que podemos narrar nossas próprias histórias”, disse.

Uma Reflexão Sobre Identidade e Conexão Cultural

Ao falar sobre a sua apresentação, Dih revela que a moda, para ele, é uma extensão de suas vivências e de seu passado. “Se você não compreende suas raízes, não sabe para onde está indo. Minha intenção é continuar criando, fazendo conexões entre histórias e moda”, afirma.

Questionado sobre a experiência de levar sua arte à África e reconectar-se com suas raízes, Dih compartilha: “É como carregar o legado da minha avó. É um jeito de agradecer a ela pelos sacrifícios que fez para alimentar a mim e a meus irmãos. É transformar dor em beleza.” A força emocional em suas palavras reflete a profundidade de uma história de superação.

Apoio e Coletividade em Sua Trajetória

O estilista comenta ainda sobre a importância da vaquinha e da rede de apoio que recebeu. “É fascinante pensar que hoje me visto de artistas consagrados que abraçam minha história. Criar a vaquinha foi um desafio, mas também um momento de realização. Isso me fez compreender que a arte tem um propósito. O Ubuntu é uma verdade viva em minha jornada”, diz ele.

Dih também destaca a importância da coletividade na vida de artistas e criadores independentes: “Acreditem em seus sonhos! Sempre haverá aqueles que compartilham suas aspirações e estão prontos para apoiar. Nenhum de nós consegue fazer algo sozinho. É fundamental se unir e encontrar força na coletividade.”

Finalizando sua reflexão, ele menciona o impacto que essa experiência pode ter para outros estilistas negros e quilombolas: “Definitivamente, espero abrir caminhos para que outros possam seguir suas próprias jornadas. Não quero que isso acabe comigo; anseio por ver muitos outros desfilando em palcos ao redor do mundo.”

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