Um ex-estagiário do Poder Judiciário do Foro de Gravataí, localizado no rio grande do sul (RS), foi detido durante a Operação O Infiltrado, realizada pela Polícia Civil do Estado do rio grande do sul (PCRS) nesta quarta-feira, 18 de junho. As investigações indicam que o indivíduo utilizou sua posição para acessar e divulgar informações sigilosas, beneficiando membros de uma facção criminosa que atua na Região Metropolitana de Porto Alegre.
A operação, que foi coordenada pela Delegacia de Repressão à Lavagem de dinheiro do Departamento Estadual de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública (Dercap), é o resultado de um extenso trabalho investigativo que abrange crimes como lavagem de dinheiro, violação de sigilo funcional e organização criminosa. O ex-estagiário já havia sido afastado de suas funções públicas após ser investigado em uma operação anterior da polícia, sendo considerado um dos principais operadores dessa organização criminosa.
De acordo com as evidências coletadas, o ex-estagiário não apenas vendeu informações confidenciais sobre investigações em andamento, mas também facilitou o acesso a dados protegidos. Sua atuação foi crucial na ocultação e blindagem de valores obtidos pela facção, que incluem atividades ilícitas como tráfico de drogas e extorsões. Ele cobrava por essas informações enquanto operava em um esquema de lavagem de dinheiro, ajudando a disfarçar e ocultar os lucros gerados pelas atividades ilícitas da organização.
Entre 2022 e 2023, o ex-estagiário movimentou aproximadamente R$ 2 milhões, a maior parte por meio de depósitos em espécie e utilizando contas bancárias de terceiros, incluindo familiares. As análises financeiras revelaram um complexo sistema de lavagem de dinheiro, que contava com a ajuda de duas empresas de fachada e “laranjas” ligadas aos traficantes. Essa movimentação financeira suspeita levanta sérias questões sobre a segurança pública e a integridade das instituições.
O acesso privilegiado que o ex-estagiário tinha possibilitava que líderes e operacionais do tráfico de drogas, mesmo enquanto cumprindo pena no sistema prisional, elaborassem estratégias para proteger seus bens, garantir mobilidade e dissimular valores. Essa situação dificultava significativamente o trabalho das autoridades no que diz respeito à recuperação de ativos oriundos de atividades criminosas.
A investigação revelou, de maneira robusta, o uso indevido de estruturas do Estado para fins ilícitos, destacando o envolvimento profundo do ex-servidor com a criminalidade organizada. O delegado Guilherme Calderipe, responsável pela Delegacia de Repressão à Lavagem de dinheiro, enfatizou a importância de reunir mais provas para consolidar o que já foi apurado até o momento.
O diretor do Dercap, delegado Cassiano Cabral, reforçou a relevância da investigação, que identificou movimentações financeiras suspeitas totalizando mais de R$ 7 milhões, valores que se presume serem provenientes de atividades criminosas e que foram disfarçados através de empresas de fachada, contas em nome de terceiros e depósitos fracionados em espécie. Essa descoberta não apenas revela a profundidade da operação criminosa, mas também a complexidade das redes que sustentam essas atividades.
Outro investigado, considerado um dos principais coordenadores da operação criminosa, atualmente cumpre pena no Presídio de Charqueadas, mas continua a manter a cadeia de comando ativa por meio de terceiros. Ao todo, 42 pessoas físicas e duas jurídicas tiveram seus sigilos bancário e fiscal analisados durante a investigação, evidenciando a amplitude do esquema criminoso.
Para desmantelar essa rede, aproximadamente 200 policiais civis participaram do cumprimento de 47 mandados de busca e apreensão em diversas cidades, incluindo Alvorada, Cachoeirinha, Gravataí, Nova Santa Rita, Novo Hamburgo, Porto Alegre, Rio Pardo, São Leopoldo e Viamão. Até o momento, uma pessoa foi presa e celulares foram apreendidos, o que poderá ajudar nas investigações em curso. A Operação O Infiltrado é um claro exemplo do comprometimento das autoridades em combater a corrupção e a criminalidade organizada no estado do rio grande do sul.

