Operação da PF Revela Escândalo Financeiro
O empresário Maurício Camisotti, detido durante uma operação da Polícia Federal (PF) na última sexta-feira (12/9), tem ligações com três entidades que, juntas, arrecadaram mais de R$ 1 bilhão através de descontos indevidos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo a PF, Camisotti recebeu, através de suas empresas, uma quantia superior a R$ 43 milhões proveniente dessas entidades investigadas por fraudes nas cobranças.
As três organizações, todas com sede em escritórios comerciais na cidade de São Paulo, faturaram impressionantes R$ 580 milhões apenas no último ano. A PF conseguiu a suspensão do acordo entre a Ambec e o INSS, sendo a Ambec a entidade que mais transferiu recursos para as empresas de Camisotti, totalizando R$ 30,1 milhões.
Entidades Envolvidas e Conexões Familiares
O portal Metrópoles já havia divulgado informações sobre a Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec), a União dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (Unsbras) e o Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas (Cebap). As investigações apontam que as entidades possuem como diretores estatutários funcionários e familiares dos executivos do grupo de empresas de Camisotti.
O escândalo em torno do INSS foi inicialmente revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens que começaram em dezembro de 2023. Em um desdobramento recente, o portal também noticiou que a arrecadação das entidades, oriunda dos descontos sobre as mensalidades de aposentados, saltou para R$ 2 bilhões em um período de um ano. No entanto, as associações estão enfrentando milhares de processos relacionados a fraudes nas filiações de segurados.
Pessoas Ligadas a Camisotti e as Irregularidades
Entre os indivíduos associados a Camisotti mencionados pela PF, destaca-se Maria Inês Batista de Almeida, ex-presidente da Ambec entre 2023 e 2024. Embora ela se declare auxiliar de dentista em documentos judiciais, a investigação da PF revelou que, na verdade, ela é registrada como faxineira em empresas ligadas ao empresário.
A rede de conexões familiares se estende a primos, sobrinhos, uma irmã e até um ex-cunhado, todos envolvidos como sócios em empresas e associações associadas a Camisotti. Essas empresas movimentaram somas significativas em transações com as entidades. Entre as quatro companhias vinculadas ao grupo de Camisotti, o Total Health recebeu R$ 43 milhões das associações, conforme as investigações e quebras de sigilo bancário.
Algumas dessas empresas incluem a Prevident e a Rede Mais, atuantes no setor de saúde, além da Benfix, uma corretora de seguros registrada em nome do próprio empresário. A Prevident, notoriamente, é dirigida por José Hermicesar Brilhante Palmeira, que, durante a gestão de Maria Inês, atuou como secretário-geral da Ambec e recebeu R$ 16,3 milhões apenas da Ambec.
Defesa do Empresário e Alegações de Irregularidades
A defesa de Maurício Camisotti sustenta que não existem fundamentos que justifiquem sua prisão no âmbito da operação relacionada às investigações sobre fraudes no INSS. Os advogados destacam que houve arbitrariedade durante a atuação policial.
“Camisotti teve seu celular confiscado no momento em que dialogava com seu advogado. Essa atitude contraria garantias constitucionais básicas e equivale a forçar um investigado a produzir provas contra si mesmo”, afirmaram em nota. “A defesa reitera que tomará todas as medidas legais necessárias para anular a prisão e garantir o pleno respeito aos direitos e garantias fundamentais do empresário”, finalizaram.