Contratos Milionários em Meio a Controvérsias
A Rodoeste Transporte e Turismo LTDA, acusada de ter apresentado documentos falsos em nome da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab) para justificar a ocupação de um terreno público em Ceilândia, continua a manter contratos significativos com a Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília (TCB). Com valores que totalizam cerca de R$ 10,3 milhões em apenas sete meses de 2025, a situação levanta preocupações sobre a transparência e a legalidade das operações da empresa.
De acordo com um relatório recente do Ministério Público de Contas (MPC), a Rodoeste é mencionada como parte de um grupo econômico que supostamente atua em conluio com outras empresas da mesma família, visando prejudicar a concorrência em licitações e garantir contratos vantajosos com a TCB.
Além da defesa de contratos milionários, a Rodoeste enfrenta questões legais, tendo sido incluída na dívida ativa do Governo Federal devido a multas trabalhistas que somam mais de R$ 45 mil. Entre os sócios da empresa estão Pedro Henrique Veiga de Oliveira e Ana Rosa de Oliveira, ambos ligados a Ronaldo de Oliveira, empresário já condenado por envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro.
O caso se complica ainda mais com a relação de outras empresas vinculadas a Ronaldo, que também possuem contratos valiosos com a TCB, incluindo a Izabely Transportes e Comércio de Alimentos e a Oliveira Transportes e Turismo, pertencentes a membros da família.
Irregularidades e Documentação Falsa
A Rodoeste é alvo de investigação pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) devido a diversas supostas irregularidades em seus contratos com o governo. Recentemente, o site Metrópoles noticiou o uso de um documento fraudulento pela empresa para justificar a ocupação de uma área pública em Ceilândia, que inclui uma zona de preservação permanente.
Embora a Rodoeste tenha utilizado uma autorização alegadamente emitida pela Codhab para se manter no Parque Pequizeiro, a Codhab rapidamente negou a legitimidade do documento em um ofício à Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). A companhia enfatizou que o terreno em questão não lhe pertence, e qualquer autorização para ocupação seria inválida, caracterizando um ato fraudulento passível de denúncia à Polícia Civil do Distrito Federal.
Apesar da existência de documentação falsa e da negação da Codhab, a Rodoeste continua a ocupar a área, que serve de garagem para sua frota de ônibus. Em um movimento recente, a Terracap suspendeu a concessão e estabeleceu um prazo de 90 dias para a desocupação, mas seis meses se passaram e a empresa ainda se recusa a deixar o local.
Histórico de Fraudes e Operações Policiais
As investigações revelam que a família de Ronaldo de Oliveira mantém relações comerciais com o governo desde pelo menos 2018. Em um dos casos, o TCDF anulou um processo licitatório em que a Rodoeste esteve envolvida por suspeitas de fraude. Apesar disso, a gestão e execução dos contratos foram restauradas por mandados de segurança impetrados pela defesa da empresa.
Durante esse período, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) iniciou a Operação Trickster, focada em um esquema de desvios que chegou a R$ 1 bilhão pelo uso fraudulento do sistema de bilhetagem eletrônica do extinto DFTrans. Essa operação resultou na prisão preventiva de dois membros da família, Soraya e Ronaldo de Oliveira, embora a Rodoeste tenha continuado suas atividades. Funcionários e seguranças garantiam a operação de diversas garagens, mesmo na ausência dos principais empresários.
Um Esquema Elaborado de Lavagem de Dinheiro
Após as detenções, Ronaldo desenvolveu um sofisticado método de lavagem de dinheiro, que movimentou mais de R$ 31 milhões. Utilizando um supermercado e contas de terceiros, o empresário escondia os valores obtidos por meio de fraudes e corrupção. A investigação da polícia revelou que até mesmo filhos menores de idade foram utilizados nesse esquema, o que levanta questões éticas e legais.
Além disso, uma operação corrompida teve acesso a processos judiciais, onde um analista do Ministério Público do Distrito Federal foi descoberto recebendo pagamentos para manipular informações em favor da organização criminosa. A complexidade do esquema evidencia a necessidade de um rigoroso controle sobre contratos públicos e as práticas empresariais associadas.
O futuro da Rodoeste e suas relações contratuais com a TCB permanece incerto, à medida que as investigações continuam e novos desdobramentos podem surgir.