Suspensão das Emendas Após Investigações

Na manhã desta terça-feira, 29 de julho, a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram uma operação que investiga a Associação Moriá, apontada por suspeitas de desvios de recursos públicos oriundos de emendas parlamentares destinadas a um projeto gamer. Nos últimos dois anos, entre 2023 e 2024, a entidade recebeu indicações para a liberação de R$ 53 milhões provenientes de parlamentares do Distrito Federal.

Desses, cerca de R$ 8 milhões já foram repassados: R$ 7,5 milhões do senador Izalci Lucas (PL-DF) e R$ 500 mil da deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania). É importante ressaltar que os parlamentares não foram alvo da operação em si.

Outros parlamentares de diferentes estados, como Acre, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Alagoas, também alocaram emendas para a associação. O montante visa cobrir não apenas um programa voltado ao ensino de jogos como League of Legends e Free Fire, mas também projetos de cursinho para o Enem, iniciativas de combate à dengue, empoderamento feminino e apresentações musicais.

Emendas Destinadas e Autores

A lista de autores das emendas individuais é a seguinte:

  • Ex-deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC): R$ 9,8 milhões;
  • Senador Izalci Lucas (PL-DF): R$ 7,5 milhões;
  • Ex-senadora Rose de Freitas (MDB-ES): R$ 5 milhões;
  • Deputado federal Fred Linhares (Republicanos-DF): R$ 4,9 milhões;
  • Ex-deputado federal Pedro Augusto (PP-RJ): R$ 4,7 milhões;
  • Deputado federal Gilvan Maximo (Republicanos-DF): R$ 1,9 milhão;
  • Deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania-DF): R$ 500 mil;
  • Ex-senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL): R$ 400 mil;
  • Deputado federal Prof. Reginaldo Veras (PV-DF): R$ 400 mil.

Os repasses já realizados e que estão em fase de execução ou prestação de contas incluem emendas do ex-deputado Pedro Augusto (R$ 4 milhões) e da ex-deputada Perpétua Almeida (R$ 3,1 milhões), além das integrais do senador Izalci Lucas e da deputada Paula Belmonte. As demais emendas ainda não foram pagas.

Investigação das Emendas de Bancada

A Associação Moriá também recebeu emendas de bancada de Minas Gerais, totalizando R$ 580 mil, e do Distrito Federal, onde obteve R$ 37,9 milhões. Os parlamentares que destinaram esses valores são:

  • Deputado federal Fred Linhares (Republicanos-DF): R$ 27,6 milhões;
  • Senador Izalci Lucas (PL-DF): R$ 8 milhões;
  • Deputada federal Bia Kicis (PL-DF): R$ 1,5 milhão;
  • Deputado federal Julio Cesar (Republicanos-DF): R$ 800 mil.

Recentemente, após uma série de reportagens do Metrópoles que evidenciaram irregularidades na Associação Moriá, os parlamentares decidiram suspender o envio das emendas de bancada.

Contexto da Operação Korban

A operação atual foi autorizada pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), e visa cinco dirigentes da associação, juntamente com seis empresas subcontratadas e seus sócios. A investigação teve início a partir de uma auditoria da CGU sobre convênios estabelecidos entre a Associação Moriá e o Ministério do Esporte entre 2023 e 2024. Durante essa auditoria, foram identificadas potenciais irregularidades na execução de convênios que geraram os Jogos Estudantis Digitais (Jedis) no Distrito Federal e no Espírito Santo, resultando em um possível prejuízo de R$ 13,2 milhões aos cofres públicos.

A CGU apontou possíveis direcionamentos inadequados nas subcontratações e conluio entre as empresas envolvidas nas terceirizações dos projetos gamer, além da contratação de firmas consideradas de fachada. Embora os senadores Izalci Lucas e Rose de Freitas não sejam investigados, eles foram responsáveis pelo envio das emendas que financiaram convênios questionáveis.

A reportagem tentou entrar em contato com a Associação Moriá, mas não obteve resposta até o momento.

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