Ainda que alguns governistas defendam a sua saída antecipada, o mandato do atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vai até o dia 31 de dezembro deste ano.
Diante das críticas públicas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem feito ao chefe da autoridade monetária, as atenções já se voltam para um dos favoritos para assumir o cargo: o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, chamado nesta semana de “menino de ouro” por Lula.
Se for indicado para a função, Galípolo precisa ser sabatinado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal. Em seguida, deve ter seu nome aprovado pelo plenário da Casa. A votação é secreta.
O último voto de Galípolo, pelo fim do ciclo de cortes na taxa Selic, é visto pelos parlamentares como “um bom indicativo” de independência.
Embora apostem em placares diferentes, governistas e parte da oposição acreditam que o nome de Galípolo receberia o aval do Senado, se for indicado.
Alguns lembram que se até o nome do atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, que sofria muitas resistências pela oposição, foi aprovado, o de Galípolo também seria.
O termômetro é o placar de 39 votos favoráveis a 12 contrários que Galípolo alcançou quando foi indicado para a diretoria do Banco Central, em julho do ano passado. Há quem aposte em um placar mais folgado, de até 45 a 50 votos.
Segundo um parlamentar da oposição, os senadores que reprovariam o nome de Galípolo por suposta interferência política ou proximidade à Lula “não chegam a 30” entre os 81 parlamentares.
“Eu, por exemplo, sou oposição ao PT, mas votaria a favor sem problema. A prerrogativa é do presidente da República”, disse um líder reservadamente.
Já o senador Marcos Pontes (PL-SP), ex-ministro do governo Jair Bolsonaro (PL), diz que a indicação de Galípolo “precisa sofrer resistência de todos os senadores que tenham um mínimo de noção de economia e bom senso”.
“Não por causa dele [Galípolo], talvez, mas da maneira que Lula tem encarado o trabalho do Banco Central no controle da política monetária. Ele certamente vai forçar a barra para que o indicado dele obedeça suas ‘ordens’. O que pode baixar artificialmente a taxa básica, mas tem as péssimas consequências que sabemos”, avaliou.
Também da oposição, o senador Izalci Lucas (PL-DF) diz que “haverá muitos questionamentos” e que “o próprio Lula criou uma situação ruim” e “um ambiente que traz desconfiança” para a autonomia do órgão.
A avaliação de alguns senadores é que a indicação do próximo nome para a presidência da autoridade monetária deve sair depois das eleições. Um parlamentar, reservadamente, acredita que, passado o período eleitoral, “tudo se acalma” e a aprovação será mais fácil.