Na eleição municipal deste ano, que ocorre em diversas cidades do brasil, incluindo São Paulo, notamos uma dinâmica intrigante que vai além da disputa por vagas nas prefeituras. A batalha mais evidente é aquela envolvendo os candidatos às prefeituras das capitais e das cidades populosas, onde os orçamentos são significativamente elevados. Por exemplo, o orçamento da cidade de São Paulo fica atrás apenas do orçamento federal e do do estado de São Paulo, colocando sua gestão em posição de destaque e atraindo a atenção de políticos e eleitores.

Tradicionalmente, os prefeitos de São Paulo entram no ano eleitoral com os cofres públicos repletos, prontos para investimentos em obras e melhorias urbanas. Essa realidade contribui para o favoritismo do atual prefeito Ricardo nunes (MDB) nas eleições de 2024. nunes conta com o apoio de uma coalizão robusta, que inclui 12 partidos, o que se reflete em seu extenso tempo de propaganda eleitoral, que é o maior já registrado na história eleitoral da cidade.

No entanto, a disputa vai além dos interesses locais. Nas entrelinhas, observa-se uma competição mais sutil e estratégica pela liderança da direita nas eleições presidenciais de 2026. Com Jair Bolsonaro inelegível até 2030, surge a pergunta: quem assumirá o papel de liderança? Poderá ser o atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ou outras figuras emergentes como pablo marçal, caso este consiga se eleger?

A trajetória política de Tarcísio de Freitas está intrinsecamente ligada ao desempenho do governo de Luiz Inácio lula da Silva. Se o governo lula mantiver uma avaliação positiva entre os cidadãos e lula decidir concorrer a um quarto mandato, Tarcísio provavelmente optará por se manter na segurança da reeleição para o governo de São Paulo, evitando a incerteza de uma candidatura presidencial, o que abriria caminho para novas figuras da direita.

É importante destacar que, mesmo um desempenho abaixo das expectativas por parte dos candidatos de esquerda nas eleições municipais deste ano não deverá impactar significativamente as aspirações de reeleição de lula. O Partido dos Trabalhadores (PT) e seus aliados podem enfrentar dificuldades, mas isso não os impede de manterem uma candidatura presidencial. Um exemplo disso é a potencial eleição de Guilherme Boulos (PSOL) em São Paulo, que poderia ser interpretada como uma vitória por parte de lula, fortalecendo sua imagem política.

A história também nos ensina sobre a relação entre as eleições municipais e as presidenciais. Em 1996, durante a presidência de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Celso Pitta, apoiado pelo ex-governador Paulo Maluf (PP), tornou-se prefeito de São Paulo. Essa vitória municipal não impediu Fernando Henrique de se reeleger em 1998, derrotando lula no primeiro turno das eleições presidenciais. Da mesma forma, quando lula era presidente, José Serra (PSDB) conquistou a prefeitura da capital paulista em 2004, mas dois anos depois lula consolidou sua reeleição, evidenciando que as vitórias em níveis municipais não necessariamente se traduzem em consequências diretas nas eleições nacionais.

Outra reflexão interessante diz respeito ao histórico político de São Paulo. Desde a redemocratização, nenhum prefeito da cidade conseguiu se reeleger, o que inclui também o atual prefeito. Portanto, é fundamental que Ricardo nunes esteja atento a esse fato ao buscar sua reeleição.

Dessa forma, é crucial distinguir claramente entre as eleições municipais e as presidenciais. Os eleitores parecem ter essa consciência ao decidirem suas escolhas. Nas votações para prefeito, o foco principal dos cidadãos é o desempenho na gestão e na administração da cidade, independentemente da orientação política do candidato. Seja ele de direita, centro ou esquerda, a prioridade do eleitor será sempre identificar o gestor mais capaz, independentemente de suas escolhas políticas nos pleitos anteriores, seja votando em lula ou em Bolsonaro. Essa percepção deixa claro que, nas eleições municipais, a competência e a promessa de boa administração preponderam sobre as ideologias partidárias. Esta racionalidade da população reflete a importância de candidatos que se comprometam verdadeiramente com a melhoria das condições de vida nas cidades e que se apresentem como soluções viáveis para os desafios urbanos.

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