Um Dia Decisivo para a Política Boliviana
No próximo domingo, 17 de setembro, a Bolívia estará em clima de decisão. Milhões de eleitores irão às urnas para escolher o novo presidente e renovar a composição do Parlamento, que inclui 130 deputados e 36 senadores. As últimas pesquisas de intenção de voto indicam que candidatos da direita estão em vantagem, enquanto cerca de 23% da população ainda não decidiu seu voto. Este cenário gera incertezas sobre o resultado das eleições, que prometem ser acirradas.
Oscar Hassenteufel, responsável pela Autoridade Eleitoral, declarou a abertura da votação, que seguirá até as 16h00, horário local. A expectativa é alta, pois a escolha pode determinar os rumos políticos do país nas próximas décadas.
Entre os candidatos, destaca-se Jorge “Tuto” Quiroga, ex-presidente da Bolívia entre 2001 e 2002, que aparece nas primeiras posições das pesquisas. Quiroga é visto como uma figura da direita mais conservadora e promete políticas de ruptura com países como Venezuela, Cuba e Irã, mas mantém a Bolívia como parceira do Brics, devido aos laços comerciais com China e Índia. Em seguida, está Samuel Doria Medina, um político considerado mais moderado, que também conta com uma sólida base de apoio.
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O Cenário Político em Mudança
A nação andina, que possui cerca de 12 milhões de habitantes e faz fronteira com quatro estados brasileiros, enfrenta um dilema: o Movimento ao Socialismo (MAS), que governou o país por 19 anos, está em meio a uma crise interna. A divisão dentro do partido pode sinalizar o fim de seu ciclo de poder. O ex-presidente Evo Morales, que não pode concorrer, tem incentivado o voto nulo, possivelmente prejudicando seus aliados na corrida.
Os candidatos da esquerda, Andrónico Rodríguez e Eduardo del Castillo, enfrentam um cenário desafiador. Ambos estão atrelados à imagem do MAS, que tem sofrido desgaste devido à crise econômica persistente no país. Rodríguez, atual presidente do Senado e ex-líder dos cocaleiros, tenta se posicionar como uma figura conciliadora, enquanto del Castillo, que já foi ministro, decidiu não se candidatar novamente diante da baixa popularidade do governo atual.
Incertezas e Expectativas
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A alta porcentagem de votos indefinidos representa um fator crucial nas eleições. Historicamente, o voto rural na Bolívia é difícil de prever, o que pode alterar significativamente os resultados. A doutoranda em ciência política da Universidade de São Paulo (USP), Alina Ribeiro, alerta para a necessidade de cautela com as pesquisas. “Em 2020, o apoio ao Luis Arce foi subestimado. A fração da população que está indecisa ou opta por votos nulos ou em branco é fundamental para a definição do pleito”, avaliou a especialista.
Uma pesquisa recente da AtlasIntel revelou que 23% dos eleitores ainda não decidiram seu voto. Se as tendências atuais se mantiverem, é provável que Samuel Doria Medina saia na frente, mas não deverá conquistar a vitória no primeiro turno. Isso ocorre porque a legislação boliviana exige mais de 50% dos votos válidos ou pelo menos 40% com uma diferença de 10 pontos em relação ao segundo colocado para uma vitória imediata.
Assim, a possibilidade de um segundo turno é concreta, com Jorge Quiroga potencialmente enfrentando Medina em uma nova votação marcada para o dia 19 de outubro, conforme o calendário do Tribunal Superior Eleitoral boliviano.
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Quem São os Principais Candidatos
Os candidatos se destacam por seus perfis variados e experiências políticas. Tuto Quiroga, pela Aliança Libertad y Democracia, já ocupou cargos importantes e promete uma política fiscal rigorosa, similar ao que o presidente argentino Javier Milei propõe. Já Samuel Medina, um empresário de sucesso do setor de cimento e hotelaria, promete estabilizar a economia em apenas 100 dias. Por sua vez, Andrónico Rodríguez busca unir facções do MAS e representar a base popular, enquanto Eduardo del Castillo, um ex-ministro, tenta se distanciar do desgaste do governo atual.
Com informações compiladas da AFP e da Agência Brasil, este pleito promete ser um divisor de águas na política boliviana, onde as escolhas feitas neste domingo poderão moldar o futuro do país.