O término do Drenar DF, o maior programa de captação de águas pluviais do Governo do Distrito Federal (GDF), está cada vez mais próximo, trazendo expectativas de melhorias significativas para a infraestrutura da região. Desde o início das obras, o impacto sobre os moradores tem sido minimamente perturbador, um aspecto considerado essencial para garantir a qualidade de vida na capital. Com um investimento robusto de R$ 180 milhões, o projeto adota a inovadora técnica chamada tunnel liner, que permite a execução das obras de forma subterrânea, evitando grandes intervenções na superfície e o desgaste cotidiano da cidade.
Para assegurar que o transtorno não afete diretamente a vida da população, foram erigidos 108 poços de visita (PVs). Estas estruturas verticais desempenham um papel crucial na escavação das galerias que conduzirão as águas coletadas pelo sistema de drenagem, permitindo um fluxo adequado e eficiente. O uso dessa metodologia reduz a necessidade de escavar grandes valas, preservando a integridade do tráfego e das atividades urbanas habituais.
Além de proporcionar benefícios diretos à população, a técnica do tunnel liner também limita os riscos à saúde e segurança dos trabalhadores. Este método possui um sistema de montagem que oferece uma maior agilidade e eficiência, crucial em grandes operações como esta. Para cada 46 centímetros de solo escavado, chapas curvadas de aço são montadas para sustentar o túnel em construção, permitindo que o andamento da obra ocorra longe da vista dos que transitam pela cidade.
Neste momento, o foco do trabalho está na escavação de 110 metros de um dos cinco lotes do projeto, onde a equipe encontrou um solo mais rígido que o previsto nas avaliações iniciais realizadas pela Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap). Para contornar esse desafio, os operários utilizam escavadeiras e furadeiras hidráulicas — equipamentos altamente especializados, equipados com brocas potentes que conseguem perfurar solos mais resistentes.
Os poços de ataque, como também são conhecidos, não apenas marcam os pontos de partida para a escavação das galerias, mas também servirão como acessos para serviços de manutenção, inspeção e limpeza do sistema uma vez que as obras forem concluídas. De acordo com o diretor técnico da Terracap, Hamilton Lourenço Filho, esses pontos vão permitir que os operários desçam e subam facilmente com os equipamentos e o material retirado da escavação. Após a finalização da obra, esses PVs receberão instalações, como escadas, que facilitarão o acesso ao sistema para manutenções futuras.
Com profundidades médias de 11,32 metros — e algumas chegando a impressionantes 21,3 metros, equivalentes a um edifício de seis andares — essas entradas de acesso estão distribuídas ao longo de uma extensa rede de tubulação. Esta rede se inicia na proximidade da Arena BRB (Estádio Nacional Mané Garrincha) e se estende até o Lago Paranoá, atravessando diversas quadras, incluindo as 902 (próximo ao Colégio Militar), 702, 302, 102, 202 e 402. O projeto também cruza importantes vias da capital, como as W3 e W5 Norte e o Eixo Rodoviário Norte (Eixão), alcançando a Via L2 Norte até a L4 Norte, nas proximidades do Setor de Embaixadas Norte.
A primeira fase do projeto, que abrange as primeiras quadras da Asa Norte, já foi concluída. Agora, a Terracap se prepara para iniciar a segunda fase, que se estenderá das quadras 4 e 5 até as quadras 14 da Asa Norte. O material necessário está sob análise da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) e aguarda a liberação de recursos para sua implementação. Uma terceira etapa do projeto está em fase de planejamento, visando atender às quadras de finais 15 e 16.
Além de transformar a infraestrutura de drenagem, o Drenar DF também prevê a criação do Parque Urbano Internacional da Paz, que incluirá uma bacia de detenção de águas pluviais e uma área de lazer. Com 5 mil m² de espaço livre, o parque será adornado com esculturas e amplas áreas verdes, promovendo um ambiente atrativo para a comunidade. Este projeto foi desenvolvido pela Terracap em colaboração com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh-DF), seguindo as exigências do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e incluirá uma ciclovia de 1,1 km, oferecendo aos cidadãos uma nova forma de lazer e mobilidade sustentável.