Liberdade de Imprensa em Risco nos EUA
Nos Estados Unidos, considerado um bastião da democracia, a Primeira Emenda à Constituição, que protege a liberdade de expressão e de imprensa, enfrenta desafios sem precedentes. A recente postura de Donald Trump, que busca controlar a narrativa midiática ao tentar intimidar críticos e silenciar vozes dissidentes, levanta questões alarmantes sobre o futuro da democracia americana.
É difícil imaginar que, em uma nação tão vasta e diversificada como os Estados Unidos, existam tentativas explícitas de cercear a liberdade de imprensa. Somente em regimes autoritários, como os da Rússia, Hungria e Coreia do Norte, veríamos ações semelhantes. A mera suposição de que um governo deve controlar a mídia é inaceitável, e é exatamente esse o caminho que Trump parece estar trilhando.
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Um paralelo pode ser traçado com situações encontradas em nosso próprio país. Imagine um líder como Lula pressionando emissoras a demitir jornalistas que não alinham com seu governo. Ou ainda negando-se a responder perguntas difíceis durante coletivas de imprensa. Essas práticas lembram as de Bolsonaro, que estabeleceu um cercadinho no Palácio da Alvorada, onde apenas apoiadores poderiam fazer perguntas previamente selecionadas.
A Primeira Emenda, fundamental para a liberdade de expressão, se tornou um tema central na campanha de reeleição de Trump, que a utiliza como bandeira de defesa contra críticas. Contudo, suas ações contradizem esse discurso. Recentemente, Trump fez uma carta ao Brasil, pedindo que o Supremo Tribunal Federal suspendesse o julgamento de seus aliados envolvidos em tentativa de golpe, evidenciando sua hipocrisia ao advogar pela liberdade de fala ao mesmo tempo em que tenta silenciar seus opositores.
A Intimidação de Críticos e a censura Velada
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Trump tem se mostrado cada vez mais intolerante a críticas, com apresentadores de televisão que se opõem a ele sendo intimidados ou, em casos mais drásticos, perdendo seus empregos. Em julho, por exemplo, o comediante Stephen Colbert não teve seu contrato renovado pela CBS sob pressão de Trump, demonstrando o controle que o ex-presidente exerce sobre a mídia.
Além disso, o programa de Jimmy Kimmel foi suspenso após o apresentador comentar sobre o assassinato do ativista de extrema-direita e apoiador de Trump, Charlie Kirk. Kimmel condenou o ato e expressou solidariedade à família, mas também criticou a exploração política da tragédia, o que resultou em retaliações. Brendan Carr, presidente da Comissão Federal de Comunicações, sugeriu que programações que não atendem aos interesses do público deveriam ser substituídas, um claro indicativo de que a censura está se infiltrando em várias camadas da sociedade.
Outra medida preocupante é a exigência do Departamento de Defesa para que jornalistas credenciados obtenham autorização do governo antes de publicarem informações relacionadas a ele. A violação dessa determinação pode resultar na revogação da credencial, o que representa uma ameaça direta à liberdade de imprensa. Essas ações nos fazem refletir sobre o verdadeiro estado da liberdade de expressão nos Estados Unidos.
Na última quinta-feira, Trump foi além e afirmou que a licença de operação de emissoras que critica sua administração deveria ser cassada. Essa declaração ecoa comentários feitos por Bolsonaro, que, embora tenha renovado a licença da Rede Globo em seu governo, também fez referência similar ao controle da mídia. Essa conexão entre Trump e Bolsonaro é reveladora e exemplifica como a desinformação e a tentativa de controle midiático estão interligadas em contextos políticos diferentes.
Portanto, fica evidente que o que se observa nos Estados Unidos com Trump não é apenas uma questão de política interna, mas uma batalha pela preservação das liberdades fundamentais que sustentam a democracia. O tempo dirá se a sociedade americana conseguirá resistir a esses desafios e proteger o que ainda resta de sua liberdade de imprensa.