SÃO PAULO – Em um dia marcado por uma agenda econômica tranquila, o mercado de câmbio no Brasil viu o dólar oscilar em uma faixa reduzida, encerrando a jornada praticamente estável, cotado pouco abaixo dos 5,70 reais. Essa estabilidade internalizada ocorreu em meio ao fortalecimento da moeda americana no exterior, onde investidores ajustavam suas posições para embasar uma eventual vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, além de esperarem cortes de juros mais moderados.
No fechamento dos negócios, a cotação do dólar à vista registrou um leve incremento de 0,06%, encerrando o dia a 5,6967 reais. No acumulado do mês de outubro, a moeda norte-americana apresenta um aumento significativo de 4,54%, refletindo a volatilidade e as expectativas do mercado.
Na B3, às 17h19, o contrato futuro de dólar com primeiro vencimento registrava uma leve queda de 0,02%, sendo negociado a 5,6995 reais na venda. Esse cenário ilustra a contenção nas variações da moeda, especialmente em um dia onde as movimentações foram limitadas.
Em relação ao mercado internacional, o dólar já apresentava tendência de alta na manhã, valorizando-se contra uma variedade de moedas fortes e diversas moedas de países emergentes. A expectativa predominante entre os investidores é de que o Federal Reserve, o banco central dos EUA, deve optar por um corte de juros mais contido, de apenas 25 pontos-base, em sua próxima reunião em novembro, em vez de uma redução mais substancial de 50 pontos-base. A manutenção de taxas de juros mais altas nos Estados Unidos tende a fortalecer a moeda americana, atraindo investimentos.
Além disso, a dinâmica das eleições presidenciais nos EUA contribui para a valorização do dólar. As crescentes expectativas em torno de uma possivelmente vitória de Trump sobre a candidata democrata Kamala Harris influenciam o setor cambial. As políticas econômicas propostas por Trump são frequentemente interpretadas como inflacionárias, o que impacta de maneira significativa as taxas de câmbio.
Nesse contexto, o dólar à vista atingiu seu pico do dia, cotado a 5,7191 reais (+0,46%), às 10h02. Pouco tempo depois, no entanto, a moeda experimentou uma correção, alcançando sua mínima de 5,6753 reais (-0,31%) às 10h35, quando alguns agentes do mercado decidiram capitalizar as cotações mais altas por meio da venda da moeda.
Ao longo da tarde, a valorização do dólar em relação a diversas divisas no cenário externo continuou a oferecer suporte às taxas no Brasil, que tendiam a se aproximar da estabilidade. No entanto, assim como as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros), a moeda oscilaria em margens concisas, caracterizando um dia de desaceleração após os avanços acentuados observados em outubro.
Acrescentando ao panorama econômico, as declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, à emissora estadounidense CNBC foram vistas como um reflexo da mais recente comunicação da instituição. Durante a entrevista, Campos Neto enfatizou a resiliência da economia brasileira, mencionando um mercado de trabalho apertado e reiterações sobre o empenho do Banco Central em alcançar a meta de inflação, que está fixada em 3%.
No fechamento da manhã, o Banco Central conseguiu vender todos os 14.000 contratos de swap cambial tradicional que foram ofertados em leilão, destinando-se à rolagem do vencimento programado para 2 de dezembro de 2024.
Por volta das 17h14, o índice do dólar – que avalia o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de seis divisas principais – apresentava uma leve alta de 0,14%, situando-se em 104,100. Esse movimento reflete a interação do mercado ao clima econômico e político atual, tanto no Brasil quanto no exterior, que continua a moldar as expectativas e decisões dos investidores. Com isso, o desempenho do dólar é um reflexo não apenas das movimentações do mercado interno, mas também das tensões e das oportunidades que surgem dentro de um ambiente financeiro global dinâmico.