SÃO PAULO (Reuters) – O mercado de câmbio brasileiro fechou a sexta-feira com o dólar praticamente estável, mantendo-se ligeiramente acima da marca de 5,80 reais. Os investidores permanecem atentos a desdobramentos na área fiscal, enquanto, no cenário global, a moeda americana continuou a se valorizar frente a muitas divisas internacionais, impulsionada por novos dados econômicos das economias centrais.
Ao final da sessão, o dólar à vista registrou um leve aumento de 0,04%, sendo cotado a 5,8143 reais. Ao longo da semana, a moeda acumulou uma alta de 0,49%, refletindo a volatilidade das últimas semanas. Contrariando essa tendência, o contrato de dólar para dezembro, que é o mais negociado atualmente no brasil, viu uma queda de 0,11%, alcançando 5,8155 reais.
Durante a manhã, a moeda americana chegou a apresentar uma leve desvalorização em relação ao real, com algumas movimentações de investidores buscando realizar lucros após uma sequência de altas expressivas. Às 9h22, logo nos primeiros trinta minutos de negociações, o dólar à vista atingiu o valor mínimo de 5,7890 reais, marcando uma diminuição de 0,39%.
Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos, fez uma análise sobre essa oscilação, mencionando que a queda do dólar foi uma resposta natural ao comportamento do mercado, onde muitos optaram por assegurar ganhos recentes. “Neste cenário, a expectativa em relação às questões fiscais também pesa sobre as decisões dos investidores”, comentou Avallone.
O mercado estava ansioso pela divulgação do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, que seria apresentado na noite de sexta-feira, juntamente com um pacote de medidas fiscais que serão implementadas nos próximos anos, previsto para ser anunciado na semana seguinte. Na noite anterior, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou que não haverá mudanças na meta fiscal para 2024 e indicou que o bloqueio orçamentário para o ano deve ficar em torno de 5 bilhões de reais.
Os ministérios da Fazenda e do Planejamento e Orçamento se prepararam para divulgar o relatório após as 21h, apresentando os números de maneira mais detalhada, enquanto a coletiva de imprensa sobre os dados ficou agendada para a próxima semana.
O governo brasileiro estabeleceu como meta para este ano um resultado primário zerado, com uma margem de tolerância que pode chegar a 0,25 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB). Haddad mencionou ainda que, em reunião marcada para a próxima segunda-feira, discutirá detalhadamente o pacote fiscal com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a data do anúncio a ser definida após esse encontro.
A tensão no mercado, em virtude da expectativa pelos números fiscais, resultou numa alta momentânea do dólar, que atingiu 5,8330 reais (+0,37%) às 11h58. Essa movimentação de preços refletiu a especulação sobre a magnitude do pacote de medidas, afetando também as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros), que alcançaram seus picos do dia.
No cenário internacional, o dólar americano ganhando força em relação a moedas diversas, inclusive às de países emergentes, foi motivado pela divulgação de dados econômicos europeus e norte-americanos. O Índice de Gerentes de Compras (PMI) Composto preliminar da zona do euro, elaborado pela HCOB e S&P Global, apresentava uma queda para o menor nível em dez meses, atingindo 48,1 em novembro — uma leitura abaixo do nível crucial de 50, que separa crescimento de contração.
Por outro lado, nos Estados Unidos, o índice correspondente da S&P Global aumentou para 55,3 neste mês, o que representa o maior nível desde abril de 2022, superando a leitura de 54,1 em outubro, com o setor de serviços sendo o principal responsável por essa elevação. Este contexto impactou as movimentações de mercado, com o euro perdendo força ao passo que o dólar se valorizava. Até às 17h11, o índice do dólar, que mensura o desempenho da moeda americana em relação a uma cesta de seis outras divisas, subiu 0,48%, alcançando 107,570.
Apesar da cautela no mercado cambial em função das expectativas fiscais no brasil, as cotações se mantiveram próximas da estabilidade. “O governo precisa que o pacote fiscal tenha um impacto significativo no mercado, especialmente no que diz respeito ao controle da inflação, e por isso decidiu postergar a divulgação para a semana que vem”, concluiu Avallone, referindo-se à relevância do tema fiscal. Ao longo da manhã, o Banco Central também teve um papel ativo ao vender todos os 15.000 contratos de swap cambial tradicional que foram leiloados, destinados à rolagem do vencimento de 2 de janeiro de 2025, refletindo estratégias de gestão da política monetária.