**SÃO PAULO (Reuters)** – Na manhã desta sexta-feira, o dólar apresentou uma valorização em relação ao real, acompanhando a tendência de alta da moeda americana em mercados internacionais. Essa movimentação ocorre em um contexto onde os investidores analisam os robustos dados de emprego dos Estados Unidos, enquanto também consideram o aumento das tensões geopolíticas no Oriente Médio.
Às 9h51, a cotação do dólar à vista registrou um crescimento de 0,76%, alcançando 5,5152 reais na venda. No mercado futuro da B3, o contrato de dólar com vencimento mais próximo teve uma elevação de 0,63%, marcando o valor de 5,529 reais. Neste dia, com uma agenda macroeconômica relativamente esvaziada no brasil, a atenção dos investidores se voltou integralmente para o cenário internacional. A principal preocupação nos mercados globais estava centrada no relatório de emprego dos EUA referente ao mês de setembro, além dos temores relacionados a um possível conflito armado expandido no Oriente Médio.
De acordo com o Departamento de Trabalho dos EUA, as empresas americanas geraram 254.000 novas vagas em setembro, superando as 159.000 revisadas para agosto. Economistas, em pesquisa realizada pela Reuters, previam a criação de apenas 140.000 empregos. Houve ainda uma melhora inesperada na taxa de desemprego, que caiu para 4,1%, em comparação a 4,2% no mês anterior.
Esses resultados, somados a outros indicadores de emprego divulgados ao longo da semana, indicam que o mercado de trabalho dos EUA não está enfrentando uma desaceleração severa, mas sim um leve esfriamento. Essa interpretação sugere que um afrouxamento monetário agressivo por parte do Federal Reserve, banco central dos EUA, pode não ser necessário no momento. vale ressaltar que, no último mês, a instituição já havia iniciado um ciclo de redução da taxa de juros, com um corte de 50 pontos-base, evidenciando seu comprometimento em manter um equilíbrio no mercado de trabalho e assegurar taxas de desemprego estáveis.
Dados recentes, particularmente o relatório da ADP, mostraram que 143.000 novos postos de trabalho foram adicionados no setor privado em setembro, superando a expectativa de 120.000. A reação dos investidores diante desse cenário foi imediata, aumentando para 91% as expectativas de um corte de 25 pontos-base nos juros do Fed na próxima reunião de novembro, um aumento significativo em relação aos 67% anteriores à divulgação dos dados. Essa perspectiva positiva contribuiu para a valorização do dólar, que anteriormente havia enfrentado perdas devido à possibilidade de um afrouxamento monetário mais contundente por parte do Federal Reserve.
“O relatório de emprego dos EUA foi um grande choque positivo. Apesar de os dados apresentados até então na semana já indicarem um mercado de trabalho forte, não havia certeza de que esse nível de criação de emprego seria alcançado”, comentou um analista de mercados. “É natural que o dólar tenha reagido favoravelmente a essas informações. No entanto, é importante lembrar que esse relatório frequentemente passa por revisões significativas, o que pode ocorrer novamente”, acrescentou.
Além disso, a moeda americana se beneficia das incertezas relacionadas ao Oriente Médio, onde os medos de um conflito generalizado têm provocado uma aversão global a ativos de maior risco. Os mercados internacionais permanecem atentos à resposta de Israel e dos EUA a um ataque com mísseis oriundo do Irã. A instabilidade na região e as possíveis repercussões para a economia global, especialmente no que diz respeito à oferta de petróleo, impulsionam a demanda por ativos considerados seguros, como o dólar.
O índice do dólar, que avalia o desempenho da moeda norte-americana em relação a uma cesta de seis moedas, subia 0,67%, registrando 102,590. No contexto dos mercados emergentes, o dólar também se fortalecia contra diversas moedas, incluindo o peso chileno e o rand sul-africano.
No brasil, os dados positivos dos EUA têm um impacto direto, diminuindo as previsões de elevações significativas no diferencial de juros entre o brasil e os Estados Unidos nos próximos meses. Isso ocorre em um momento em que o banco central brasileiro está executando mais um ciclo de aperto monetário, o que contribuiu para a valorização do real em sessões anteriores. Preocupações contínuas quanto à sustentabilidade das contas públicas têm dificultado a demanda por ativos brasileiros, uma vez que o mercado demonstra incerteza sobre a capacidade do governo em cumprir a meta de déficit primário zero neste ano.