Os Desafios da Candidatura à Presidência
É difícil acreditar que Tarcísio de Freitas não tenha em mente uma candidatura à presidência em 2026. Ele já conta com o respaldo de uma parte significativa do eleitorado de direita, um forte apoio do empresariado paulista, do agronegócio, além de uma cobertura favorável na mídia escrita, falada e televisiva. Contudo, a jornada até a formalização de sua candidatura é longa e repleta de incertezas, um caminho que Tarcísio ainda não sabe se está disposto a percorrer.
Tradicionalmente, o cargo de governador de São Paulo é visto como um trampolim para a presidência; essa expectativa existe há décadas. Entretanto, desde 1930, apenas um governador paulista conseguiu se eleger presidente: Jânio Quadros, em 1960, que renunciou seis meses após assumir. Desde a redemocratização do Brasil, o único governador a ocupar a presidência foi Fernando Collor, de Alagoas.
O Histórico de governadores e a Corrida Presidencial
Um levantamento realizado pelo jornalista Evandro Éboli revela que, do final da ditadura até hoje, 11 ex-governadores disputaram a presidência em 17 ocasiões. Ciro Gomes, ex-governador do Ceará, é o recordista, concorrendo quatro vezes e não obtendo sucesso em nenhuma delas. Outros três governadores tiveram duas tentativas cada, também sem êxito: Leonel Brizola (PDT-RJ) em 1989 e 1994; José Serra (PSDB-SP) em 2002 e 2010; e Geraldo Alckmin (PSDB-SP), que disputou em 2006 e 2018.
A perspectiva da candidatura de Tarcísio está intimamente ligada à figura de Jair Bolsonaro, que ainda detém influência nas decisões políticas do momento. O apoio de Bolsonaro será crucial, já que ele precisa decidir se apoiará Tarcísio ou um dos seus filhos na corrida de 2026. Apesar de Michelle Bolsonaro se destacar nas pesquisas, sua candidatura à presidência pode enfrentar barreiras, especialmente devido à percepção de que o eleitorado evangélico poderia preferir que ela permanecesse ao lado de seu marido.
Os Enigmas da Dinâmica Familiar
No cenário familiar, Eduardo Bolsonaro é um nome controverso, envolvido em questões judiciais, enquanto Flávio carece de um apelo carismático. Se a intenção de Bolsonaro for apenas marcar território e assegurar sua relevância política, ele pode optar por lançar a candidatura de um dos filhos. Existe a crença de que Tarcísio, uma vez na presidência, poderia, eventualmente, distanciar-se de Bolsonaro.
Com um passado militar, Tarcísio frequentemente se refere a civis como “paisanos” e não demonstra grande apreço por políticos. Mesmo que tivesse a capacidade de encurtar a prisão de Bolsonaro, ele provavelmente se concentraria em governar, da mesma forma que Lula, estabelecendo alianças com o Supremo Tribunal Federal, onde mantém boas relações.
Impactos Geopolíticos nas Eleições
Se Tarcísio conseguir se eleger, isso seria comemorado por Donald Trump, representando um possível realinhamento do Brasil com os Estados Unidos. Bolsonaro, em seus esforços, tem sido utilizado por Trump como um candidato de resistência para tentar barrar uma nova vitória de Lula.
Um ponto crítico que deve ser considerado é que, por lei, os ministros do Supremo devem se aposentar aos 75 anos. Portanto, quem estiver no poder a partir de 2027 terá a responsabilidade de nomear substitutos para três dos atuais 11 ministros, incluindo Fux, Cármen e Gilmar, além de, possivelmente, Fachin e Barroso, se conseguir a reeleição.
Um Jogo de Riscos
Assim, tanto Bolsonaro quanto Tarcísio se encontram diante de dilemas significativos. Para Tarcísio, a questão é clara: com o apoio de Bolsonaro, vale a pena arriscar uma candidatura à presidência? Já para Bolsonaro, a dúvida reside em se deve se retirar mais cedo da política em favor de um candidato que possui chances reais de reeleição. O que será que o futuro reserva para esses dois protagonistas?