Um Legado de Esperança e Cooperação
O embaixador da Áustria no Brasil, Stefan Scholz, encerra sua missão diplomática nesta sexta-feira (5/9), após quatro anos de intensa colaboração entre os dois países. Em entrevista ao Metrópoles, Scholz destacou a importância da relação histórica que une Brasil e Áustria, que já dura quase dois séculos. Ele recordou também a defesa feita pelo Brasil em favor da Áustria após a invasão alemã durante a Segunda Guerra Mundial.
Em suas palavras, o diplomata deixou um conselho para os jovens brasileiros: “Aprendam o máximo de idiomas possível. Isso permitirá que vocês absorvam exemplos valiosos de modernização contínua, aplicáveis ao Brasil”. Para Scholz, o Brasil se destaca como um “país de esperança no distante Atlântico Sul”, e as interações bilaterais refletem parcerias acadêmicas, econômicas e sociais robustas.
“A economia austríaca está profundamente entrelaçada com a brasileira há décadas. Nossas empresas geraram até 20 mil empregos na indústria local, enquanto empresas brasileiras também têm se mostrado ativas na Áustria, como a Weg, líder global em motores elétricos”, comentou o embaixador, ressaltando a eficácia das relações empresariais.
Fortalecendo Laços Através da Educação e Inovação
As parcerias educacionais entre universidades e instituições de ambos os países têm se mostrado produtivas, com iniciativas como chamadas conjuntas para projetos de pesquisa que receberam 43 inscrições. Recentemente, o Exército Federal Austríaco adquiriu quatro aeronaves do modelo Embraer KC 390, o que representa um marco importante na cooperação industrial.
“Essa compra abre um leque de oportunidades para colaborações industriais e parcerias em pesquisa e desenvolvimento, especialmente com a reativação da Comissão Mista de Economia, que se reunirá em Viena no dia 27 de novembro, após uma pausa de décadas”, destacou Scholz. Ele também mencionou um evento organizado pela Câmara de Economia da Áustria, que contará com a participação de diversas empresas brasileiras.
O diplomata enfatizou ainda a necessidade de uma colaboração estreita entre a Áustria e o Brasil na transição energética e na criação de uma economia mais verde. “O Nordeste brasileiro possui a melhor estrutura de custos para a produção de hidrogênio verde, o que representa uma grande oportunidade para ambos os países”, explicou.
Reconhecimento Mútuo e História Compartilhada
Para Scholz, o Brasil é agora um ator global com um lugar legítimo na comunidade internacional. “A valentia do Brasil em sua luta pela independência, há 200 anos, é uma fonte de grande orgulho. A lembrança de que a Áustria foi uma das primeiras a reconhecer o Tratado do Rio de Janeiro sobre a descolonização do Brasil, estabelecendo relações diplomáticas plenas em 31 de dezembro de 1825, é uma narrativa fundamental em nossas relações”, afirmou.
O embaixador também mencionou a contribuição do Brasil em um momento crítico para a Áustria, quando apresentou uma resolução na Assembleia Geral das Nações Unidas que pedia a restauração de uma Áustria livre e soberana após a guerra. “Este reconhecimento se concretizou em 1955, com a retirada das tropas dos quatro aliados”, acrescentou.
Reflexões Sobre o Futuro
Durante uma fala no Itamaraty, na última quarta-feira (3/9), Scholz comparou as relações diplomáticas do Brasil sob os governos de Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, ao chegar ao país em agosto de 2021, o Brasil estava em um período de transição. “Dezessete meses depois, Lula foi eleito, e o Brasil começou a se reintegrar no cenário internacional com o slogan ‘O Brasil está de volta’”, observou.
Ele ressaltou que o primeiro ano e meio de seu mandato foi marcado pela ausência de contatos de alto nível, enquanto os dois anos subsequentes, a partir de 2023, foram caracterizados por um engajamento significativo. “A época atual é marcada por um envolvimento impressionante e promissor”, concluiu, esperançoso em relação ao futuro das relações entre Brasil e Áustria.