As Forças Armadas de israel têm intensificado suas operações militares contra instalações nucleares e militares no Irã, em um contexto de crescente tensão entre os dois países. Nos últimos dias, os ataques israelenses, que visam desmantelar a capacidade do Irã de desenvolver armas nucleares e mísseis balísticos, resultaram em danos significativos a centros de enriquecimento de urânio, conforme relatado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). O conflito, que teve início na última sexta-feira (14 de junho), concentrou-se em alvos estratégicos, incluindo as usinas nucleares de Natanz e Isfahan, além de vários pontos militares que são considerados cruciais para o programa militar iraniano.
A usina de Natanz, a maior e mais emblemática instalação nuclear do Irã, foi severamente atingida. Os ataques israelenses comprometeram a infraestrutura elétrica da Usina de Enriquecimento de Combustível (FEP), que abriga aproximadamente 17 mil centrífugas, essenciais para o processo de enriquecimento de urânio. De acordo com Rafael Grossi, diretor da AIEA, a destruição da subestação elétrica e dos geradores de emergência pode ter inutilizado uma parte considerável das máquinas de enriquecimento, impactando diretamente a capacidade do Irã de avançar em seu programa nuclear.
Além disso, a Usina Piloto de Enriquecimento de Combustível (PFEP), situada em Natanz, foi completamente obliterada. Essa instalação era responsável por operar centrífugas avançadas que processavam urânio com um nível de pureza de até 60%, um patamar alarmante que se aproxima do necessário para a fabricação de armas nucleares. A AIEA expressou preocupação com esse nível de enriquecimento, uma vez que não há justificativa civil conhecida para tal uso.
Em Isfahan, a terceira maior cidade do Irã, os bombardeios israelenses causaram danos em quatro estruturas do complexo nuclear, incluindo a Instalação de Conversão de Urânio (UCF) e laboratórios dedicados ao manuseio de urânio metálico. O urânio metálico é uma tecnologia avançada e uma etapa crucial na construção de ogivas nucleares. A inoperância do UCF pode deixar o Irã sem a matéria-prima necessária para alimentar suas centrífugas, comprometendo ainda mais seu programa nuclear.
Até o presente momento, a única instalação que não foi alvo de ataques é a usina subterrânea de Fordow, localizada em uma montanha, que, apesar de contar com apenas 2 mil centrífugas, é responsável por grande parte do urânio enriquecido a 60% no país. Somente no último trimestre, essa usina produziu 166 kg de urânio, quantidade que, se enriquecida até 90%, poderia ser suficiente para criar quase quatro bombas atômicas, segundo critérios da AIEA.
Além das instalações nucleares, israel também afirmou ter atacado pelo menos 12 centros de lançamento e armazenamento de mísseis do Irã em uma ofensiva aérea que ocorreu na terça-feira (17 de junho). Fontes da região do Golfo relataram à imprensa que, desde o início dos ataques, 14 cientistas associados ao programa nuclear iraniano foram mortos. O governo de israel assumiu a responsabilidade por algumas dessas ações, alegando que a eliminação desses especialistas representa um golpe significativo na capacidade do regime de Teerã de desenvolver armas de destruição em massa.
Em resposta, o Irã sustenta que seu programa nuclear é estritamente voltado para fins pacíficos, como geração de energia e pesquisas médicas. Apesar de estar autorizado pelo Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) a enriquecer urânio, potências ocidentais expressam preocupação de que o nível de pureza alcançado pelo Irã ultrapasse os limites aceitáveis para usos civis.
Em meio a esse cenário, o presidente russo, Vladimir Putin, se ofereceu para mediar o conflito, uma proposta que gerou desconforto na Casa Branca. Recentemente, a rússia e o Irã firmaram um acordo de cooperação estratégica de longo prazo, que inclui coordenação político-militar e apoio mútuo em fóruns internacionais, o que sugere uma possível aliança militar em situações de escalada de conflitos.
Enquanto isso, a administração do presidente Donald Trump continua a ponderar sobre sua resposta, mantendo suas tropas em estado de alerta. Apesar do apoio militar a israel, os Estados Unidos ainda não autorizaram o fornecimento da Massive Ordnance Penetrator (MOP), uma bomba considerada essencial para atingir instalações subterrâneas como o complexo nuclear de Fordow. A falta desse armamento limita a capacidade de israel de neutralizar completamente as estruturas mais profundas do programa nuclear iraniano, deixando o futuro do conflito incerto e potencialmente mais perigoso.