Iniciativa Inovadora na Luta Contra Arboviroses
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) está prestes a iniciar a liberação de mosquitos Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia, com previsão para agosto do próximo ano. Essa ação faz parte de uma estratégia mais ampla de combate às doenças transmitidas pelo mosquito, como dengue, zika e chikungunya. Os insetos, conhecidos como Wolbitos, têm a capacidade de impedir o desenvolvimento dos vírus que causam essas arboviroses, e a expectativa é que a liberação ocorra entre agosto de 2025 e janeiro de 2026.
Conforme apurado em documentos da SES-DF, os Wolbitos serão soltos em várias Regiões Administrativas identificadas como vulneráveis, incluindo Brazlândia, Sobradinho II, São Sebastião, Fercal, Estrutural, Varjão, Arapoanga, Paranoá, Planaltina e Itapoã. Essas áreas foram escolhidas devido ao histórico elevado de casos de dengue.
Os mosquitos infectados com a Wolbachia se reproduzem e transmitem a bactéria para seus descendentes, o que, ao longo do tempo, possibilita que a maioria dos mosquitos dessa região seja colonizada pela Wolbachia, contribuindo assim para uma redução na transmissão das doenças. Vale ressaltar que esse método não envolve modificação genética e a bactéria não é transmissível a seres humanos, conforme declarado pelas autoridades de saúde.
“Esta é uma abordagem segura para seres humanos, animais e o meio ambiente”, destaca o comunicado da SES-DF. A estratégia já obteve aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo utilizada em diversos locais do Brasil e do mundo, o que atesta sua eficácia e segurança.
Contexto da dengue no Distrito Federal
O cenário epidemiológico da dengue no Distrito Federal é alarmante. Em 2024, o DF registrou um número recorde de casos e mortes, com aproximadamente 283.841 infecções confirmadas e mais de 400 óbitos, um aumento impressionante de 815,40% em relação ao ano anterior. Recentemente, até o dia 28 de julho de 2025, foram notificados 8,1 mil casos prováveis de dengue, uma queda significativa de 97% em comparação ao mesmo período de 2024.
Esses dados reforçam a urgência e relevância da nova estratégia de controle, que se apresenta como uma alternativa promissora para a contenção da dengue e outras arboviroses no DF.
O que é o método Wolbachia?
Desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Monash, na Austrália, em 2008, o método Wolbachia representa uma abordagem inovadora, contrastando com as técnicas tradicionais que, geralmente, incluem o uso de inseticidas químicos e campanhas para eliminar criadouros de mosquitos. A tecnologia tem se mostrado autossustentável, uma vez que a presença da bactéria limita o desenvolvimento dos vírus da dengue, zika e chikungunya.
Os mosquitos infectados com Wolbachia apresentam uma carga viral significativamente menor, o que reduz a probabilidade de transmissão dos vírus durante a picada. Após um processo de colonização artificial, esses mosquitos são liberados para se reproduzirem com os insetos locais, criando uma nova geração de Aedes aegypti com carga viral reduzida.
Em suma, a introdução dos mosquitos Wolbito no Distrito Federal é uma medida inovadora e potencialmente transformadora na luta contra as arboviroses, trazendo esperança para uma população que tem enfrentado um crescimento alarmante de casos de dengue. A expectativa é que, com essa técnica, o DF consiga não apenas controlar, mas também reduzir substancialmente os índices de infecção por essas doenças.