delegado Liga à Polêmica na Política
A recomendação para a demissão do delegado Paulo Bilynskyj, atual deputado federal pelo PL, foi emitida pela Delegacia Geral da Polícia Civil meses antes de sua posse, que ocorreu em 1º de fevereiro de 2023. Conhecido como parte da chamada ‘bancada da bala’, Bilynskyj já enfrenta uma série de processos disciplinares desde o início de sua carreira na Polícia Civil, que começou em 2012.
Documentos sigilosos obtidos pelo Metrópoles revelam que, mesmo durante seu estágio probatório, foram feitas recomendações para que sua entrada na corporação não fosse aceita. Atualmente, o parlamentar se vê no meio de três processos disciplinares e, desde outubro de 2022, está sem arma e distintivo, em uma situação que levanta questionamentos sobre sua conduta.
Fontes jurídicas afirmaram à reportagem que, após assumir seu cargo legislativo, o processo para sua demissão permanece em trâmite, mas está temporariamente suspenso em razão de questões políticas. A homologação do pedido de demissão precisa ser feita pelo Poder Executivo, um passo fundamental para que o processo administrativo siga adiante.
Implicações Politicas e Justiceiras
De acordo com as regras, apenas o governador pode assinar o pedido originado pela Delegacia Geral. Em junho de 2022, quando a demissão foi sugerida, Rodrigo Garcia (sem partido) ocupava o cargo, mas não tomou nenhuma medida antes de encerrar seu mandato — período em que ele buscou a reeleição e acabou derrotado por Tarcísio de Freitas (Republicanos).
No dia 8 de agosto, Bilynskyj foi contatado pela reportagem e alegou estar se recuperando de um procedimento médico, mas não deixou de lado a oportunidade de responder as acusações que pesam sobre ele.
Controvérsias nas Redes Sociais
Entre os episódios que culminaram na solicitação de demissão estão postagens em redes sociais que foram interpretadas como apologia ao estupro e racismo. Em uma de suas publicações no Instagram, destinada à promoção de uma escola de concursos onde ele leciona, Bilynskyj veiculou um conteúdo polêmico em que homens negros são retratados de forma desrespeitosa. A crítica foi contundente e levou o Ministério Público de São Paulo (MPSP) a solicitar um inquérito.
Após a repercussão negativa, o conteúdo foi removido, mas não sem deixar marcas. O policial, em defesa, alegou que a culpa pela postagem cabia à sua falecida namorada, Priscila Barros, que, segundo ele, era responsável pela gestão de suas redes sociais. Vale lembrar que Priscila cometeu suicídio em 2020, disparando um revólver contra Bilynskyj antes de tomar a própria vida.
Inconsistências nas Declarações
Nos depoimentos prestados, o delegado apresentou três versões diferentes sobre a culpa da ex-namorada, o que gerou desconfiança nas autoridades. O documento que solicita sua demissão menciona que não há evidências que sustentem suas alegações de que Priscila era responsável por suas postagens, questionando a falta de depoimentos de amigos ou familiares que pudessem corroborar sua versão.
A gravidade da situação aumentou com a constatação de que Bilynskyj já havia causado problemas significativos durante sua trajetória na polícia, acumulando mais de 12 punições disciplinares por diversos comportamentos inadequados. Entre as infrações, destaca-se um acidente de trânsito que culminou em um pedido de não confirmação de sua permanência na carreira policial, além de processos relacionados à sua conduta em serviço.
Encaminhamentos Finais
A Corregedoria da Polícia Civil afirmou, através de nota, que Bilynskyj continua sob investigação em três processos administrativos, e que está afastado de suas funções de policial civil desde outubro de 2022, permitindo que ele exerça suas atividades como deputado. A SSP (Secretaria da Segurança Pública) assegurou que assim que as investigações forem concluídas, os autos serão enviados aos órgãos competentes para a tomada das devidas providências.