As acareações programadas para esta terça-feira, 24 de outubro, são consideradas cruciais pelas defesas dos réus envolvidos em uma ação penal que investiga uma tentativa de golpe de Estado no brasil. O objetivo principal é expor contradições nas declarações e enfraquecer as acusações contra os réus, especialmente em relação à colaboração premiada de mauro cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. O cenário se desenrola no Supremo Tribunal Federal (STF), onde o ex-ministro da Casa Civil e Defesa, General Walter braga netto, irá confrontar diretamente mauro cid, que também é réu e colaborador no caso.

Outro confronto significativo ocorrerá entre o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e o ex-comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, que atua como testemunha no processo em questão. A acareação de Cid é vista como uma oportunidade mais ampla pelas defesas dos outros réus, podendo afetar diretamente suas estratégias legais, já que os advogados foram autorizados pelo ministro alexandre de moraes a acompanhar esta fase do processo.

Por outro lado, a acareação entre Torres e Freire Gomes é considerada menos impactante para as defesas dos demais réus. A participação de Cid, embora relevante, não traz muitas implicações para a defesa de Torres, já que o militar não apresentou qualquer incriminação direta contra o ex-ministro da Justiça. É importante destacar que, durante essas acareações, apenas os advogados envolvidos, o ministro alexandre de moraes e a Procuradoria Geral da República poderão formular perguntas, o que significa que não haverá interação direta entre os réus nesse momento.

Diferentemente da fase de interrogatórios, que é transmitida ao público, as acareações ocorrerão em um ambiente restrito, limitado apenas aos advogados, o que adiciona um elemento de sigilo a essa etapa do processo.

No que diz respeito à disputa entre Torres e Freire Gomes, a defesa de Torres argumenta que a versão do ex-comandante do Exército é a única que sustenta a alegação de que Torres participou de uma reunião com Jair Bolsonaro e outros líderes militares. No entanto, os advogados de Torres questionam a credibilidade da testemunha, que não consegue se lembrar de detalhes cruciais, como o local e a data do encontro, nem quem mais estava presente ou qual foi o papel de Torres no evento.

Se Freire Gomes mantiver sua versão, a defesa de Torres planeja explorar várias inconsistências em seu depoimento para reforçar as divergências. Além disso, a defesa apresentou uma perícia técnica que compara a minuta de um decreto de estado de defesa encontrada na casa de Torres com outros documentos semelhantes. Para os advogados, essa perícia demonstra que a “minuta do Google”, localizada na residência do ex-ministro, não está relacionada com a suposta “minuta do golpe”, que teria sido discutida entre Torres e comandantes militares.

No que tange à acareação entre mauro cid e Walter braga netto, dois pontos específicos são considerados essenciais: o plano conhecido como “punhal verde e amarelo”, que possui interpretações distintas de cada um dos réus, e o incidente da entrega de uma quantia em dinheiro, que Cid afirma ter sido colocada em uma caixa de vinho destinada a braga netto. Segundo Cid, esses recursos seriam utilizados para financiar os acampamentos de manifestantes que se posicionavam em frente ao Quartel-General do Exército. Durante seu depoimento, braga netto não especificou o valor, mas mencionou que a quantia envolvida seria, no mínimo, de R$ 100 mil.

Além disso, questões relacionadas à hierarquia militar também emergem como tópicos sensíveis no decorrer da acareação. O General Walter braga netto ocupa uma posição superior em relação a mauro cid, que é tenente-coronel, o que pode influenciar a dinâmica da interação entre eles. Esses elementos tornam o processo ainda mais intrigante, à medida que as defesas tentam estabelecer o que realmente aconteceu durante esses eventos críticos e como as informações se inter-relacionam no contexto da investigação mais ampla sobre a tentativa de golpe no país.

Share.
Leave A Reply

Exit mobile version