Neste sábado, 14 de setembro, surgiram denúncias alarmantes envolvendo Tiago Rodrigues da Silva, popularmente conhecido como Pai Tiago, de 38 anos, um líder religioso associado ao Instituto Afro-Ameríndio Roça de Catimbó Jurema, localizado em Ceilândia Norte. As acusações incluem supostos crimes de importunação sexual, violência sexual mediante fraude e ameaças. A defesa de Tiago, por sua vez, alegou que se trata de um “conluio” com o intuito de “extorquir” o líder espiritual.
De acordo com os relatos feitos à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), pelo menos duas mulheres acusam Tiago de forçar situações sexuais. A primeira denunciada, de 27 anos, afirmou que, em uma consulta espiritual, o líder religioso teria simulado incorporar uma entidade chamada Maria do Bagaço, induzindo-a a ter relações íntimas com ele.
Essa denunciante explicou que sua fragilidade emocional, resultante de problemas em seu casamento, a levou ao terreiro, onde as atividades religiosas ocorriam em um ambiente de acolhimento. Durante a gira — um ritual em que os médiuns supostamente incorporam entidades — Tiago, segundo ela, teria feito propostas sugestivas, vinculando suas ações à presença da entidade. No entanto, ela alega que as orientações teriam vindo diretamente do líder religioso, o que a fez reconhecer a manipulação.
A mulher relatou ainda que, ao perceber a situação desconfortável, tentou desviar a conversa e foi ameaçada por Tiago, que afirmou que Maria do Bagaço se vingaria caso ela revelasse o que havia ocorrido. Esta situação de poder e vulnerabilidade destaca a dinâmica complexa que pode existir em contextos religiosos.
Outra acusadora, uma jovem de 18 anos, também fez suas alegações na Delegacia Especial de Atendimento à mulher (Deam) 2 em Ceilândia. Ela afirmou que Tiago a pressionou em um momento de vulnerabilidade, forçando um beijo e praticando atos de aproximação não consentidos em um local isolado do terreiro. Essa situação ocorreu após uma sessão religiosa, quando ele teria se colocado em uma posição de intimidação, usando sua autoridade espiritual para assediá-la.
Ambas as denunciantes não apenas solicitaram que as alegações fossem investigadas, mas também expressaram necessidade de proteção, apresentando provas de mensagens que, segundo elas, comprovavam a manipulação emocional e a tentativa de extorsão. Em resposta, a defesa de Tiago prontamente rejeitou as acusações, classificando-as como “totalmente infundadas”, e sugeriu que houve interesse mútuo entre Tiago e a primeira denunciante, o que indicaria uma premissa de consentimento, ainda que a acusadora negue tal possibilidade.
O defensor legal do líder religioso, Talaguibonan Arruda, destacou que os atendimentos realizados por Tiago sempre contaram com a presença de outra pessoa, o que, segundo ele, nega as acusações de que qualquer ato sexual teria ocorrido de forma isolada. Ele também mencionou que Tiago registrou uma ocorrência contra as denunciantes, alegando extorsão, reforçando a visão de que tudo não passava de uma armadilha bem elaborada por um grupo em busca de vantagem financeira.
Este caso levanta questões importantes sobre a vulnerabilidade de indivíduos em situações religiosas e a potencial manipulação que pode ocorrer em ambientes de fé. O papel da confiança em líderes espirituais, combinado com a exploração da fragilidade emocional dos praticantes, é uma área sensível e complexa que requer uma análise cuidadosa e uma apuração adequada por parte das autoridades competentes.
Conforme os desdobramentos da investigação avançam, é iminente a necessidade de que tanto as vítimas quanto o acusado tenham um espaço adequado para trazer à tona suas versões, respeitando os princípios do devido processo legal. A comunidade religiosa e o público em geral aguardam ansiosamente por uma solução que traga clareza e justiça para todos os envolvidos, enquanto os impactos sociais e emocionais desta situação continuam a reverberar.