Medidas Proporcionais contra Tarifa dos EUA

Ao participar da inauguração de um viaduto em Francisco Morato, São Paulo, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) revelou, neste domingo (13), que um decreto que regulariza a lei de reciprocidade econômica será editado até terça-feira (15). Essa legislação permitirá ao Brasil responder proporcionalmente ao tarifaço de 50% que foi anunciado pelos Estados Unidos.

Segundo Alckmin, a nova lei, aprovada pelo Congresso Nacional, estabelece que, “o que tarifar lá, tarifa aqui”. Ele enfatizou que essa norma não se limita a questões tarifárias, mas abrange também aspectos não tarifários. “A regulamentação, que é por decreto, deve estar saindo amanhã ou terça-feira”, afirmou.

O vice-presidente também destacou que o Governo Federal pretende continuar negociando para reverter a taxação, que considerou “inadequada”, e que buscará apoio da Organização Mundial do Comércio (OMC) para respaldar essa reivindicação.

Além disso, Alckmin mencionou um grupo de trabalho que foi criado para avaliar alternativas de negociação e possíveis retaliações, enfatizando a importância de ouvir o setor privado para entender melhor os impactos econômicos dessas medidas.

“Temos 200 anos de amizade com os Estados Unidos. Portanto, não justifica [impor tarifas]. O mundo econômico precisa de estabilidade e previsibilidade. Nós precisamos de previsibilidade, e vamos trabalhar para reverter essa situação”, concluiu o vice-presidente.

Lei da Reciprocidade Econômica: Entenda

A Lei da Reciprocidade Econômica, sancionada pelo presidente Lula, estabelece a base legal que permite ao Brasil adotar medidas proporcionais em resposta a países ou blocos econômicos que realizam ações unilaterais e prejudiciais à economia brasileira.

A legislação surgiu após a sobretaxação de produtos brasileiros, estipuladas por Donald Trump em abril deste ano, que elevou as tarifas em 10% para a maioria dos produtos, além de 25% para aço e alumínio exportados pelo Brasil.

Com a nova lei, o Brasil poderá implementar impostos adicionais sobre importações de bens dos EUA, suspender concessões comerciais e contratos de investimentos e até desconsiderar obrigações relacionadas à propriedade intelectual dos Estados Unidos, buscando mitigar os impactos dessa situação no mercado interno.

Conforme a legislação, antes de adotar medidas mais severas, o Brasil deverá realizar consultas diplomáticas e considerar medidas provisórias emergenciais.

Impactos do Tarifaço: Brasil em Foco

Desde o dia 7 de agosto, Trump notificou formalmente 24 países sobre a implementação de tarifas unilaterais em produtos e bens, sendo o Brasil o mais afetado, com uma tarifa de 50%. Em resposta, a administração brasileira reafirmou seu compromisso com a soberania nacional e se mostrou disposta a dialogar com os norte-americanos.

Os setores econômicos que poderão sofrer com o tarifaço são variados, mas a agricultura e a indústria de produção estão entre os mais impactados. Dados oficiais indicam que cerca de 12% das exportações brasileiras são destinadas ao mercado americano, incluindo produtos como óleos brutos de petróleo, ferro, aço, celulose, café, suco de laranja, carne bovina, aeronaves e equipamentos para o setor de energia.

Se não houver um acordo até 1º de agosto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não descarta a aplicação do princípio da reciprocidade, previsto na lei mencionada.

Confira a lista dos países que sofrerão o tarifaço:

  • Brasil: 50%
  • Laos: 40%
  • Myanmar: 40%
  • Camboja: 36%
  • Tailândia: 36%
  • Bangladesh: 35%
  • Sérvia: 35%
  • Indonésia: 32%
  • África do Sul: 30%
  • Argélia: 30%
  • Bósnia e Herzegovina: 30%
  • Iraque: 30%
  • Líbia: 30%
  • México: 30%
  • União Europeia: 30%
  • Sri Lanka: 30%
  • Brunei: 25%
  • Cazaquistão: 25%
  • Coreia do Sul: 25%
  • Japão: 25%
  • Malásia: 25%
  • Moldávia: 25%
  • Tunísia: 25%
  • Filipinas: 20%

*Todas as tarifas entrarão em vigor a partir de 1º de agosto.

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