Durante o recente debate da TV Cultura, um incidente inesperado entre José Luiz datena, candidato do PSDB, e pablo marçal, do PRTB, pode ter proporcionado uma oportunidade estratégica para marçal revitalizar sua candidatura. O ex-coach, que enfrentava uma crescente rejeição nas pesquisas — conforme indicado pelos levantamentos do datafolha e da Quaest — viu no embate uma chance única de moldar sua imagem política e, principalmente, reverter a resistência do eleitorado.
marçal demonstrou seu entendimento dessa dinâmica ao utilizar uma pergunta de datena como um ponto de provocação. Ele aproveitou a ocasião para relembrar uma acusação de assédio sexual, embora já arquivada pela justiça, e, em seguida, questionou datena sobre a possibilidade de desistir da corrida eleitoral. Essa estratégia provocadora se intensificou quando datena, em um momento de fúria, partiu para cima de marçal com uma cadeira, após ser chamado de “arregão”. Essa reação impulsiva sugestiona que o apresentador pode ter caído exatamente na armadilha que o ex-coach havia preparado.
marçal, que já havia mencionado em entrevistas a necessidade de desenvolver estratégias para adentrar na mente de seus adversários, havia abordado anteriormente a técnica de provocar emoções, citando uma outra situação em que recebeu um tapa na mão de Guilherme Boulos. Através de sua habilidade em manipular o emocional dos concorrentes, marçal identificou em datena uma “presa fácil”. O apresentador, que chegou a demonstrar fragilidade emocional ao chorar durante uma sabatina por conta das dificuldades nas pesquisas, se manifestou de forma emocionalmente carregada, o que, ao que parece, foi explorado por marçal.
Com o debate se desenrolando, os desdobramentos foram rapidamente levados para as redes sociais. marçal, em sua estratégia digital, passou a enfatizar sua condição de “vítima” após o incidente, uma tática que visa reduzir sua elevada rejeição, que apresentava uma escalada significativa. Seus posts nas redes sociais, que ligavam a cadeirada a eventos dramáticos como o atentado a donald trump e a facada recebida por Jair Bolsonaro, foram uma tentativa intencional de gerar empatia e reforçar sua imagem de vítima.
Em uma recente pesquisa do datafolha, os números expuseram um desafio crescente para marçal, já que 44% dos entrevistados afirmaram que não votariam nele sob nenhuma circunstância — um aumento alarmante de seis pontos percentuais em relação a um levantamento anterior. Além disso, 51% da população considera marçal o candidato mais desrespeitoso, liderando essa percepção negativa entre os concorrentes.
Ainda que a abordagem de se posicionar como vítima seja uma tática conhecida em campanhas políticas, a singularidade desse episódio torna difícil prever as consequências. Especialistas em ciência política, como Antonio Lavareda, sugerem que a provocação intencional de marçal pode ter efeitos adversos, ao passo que datena tenta se reerguer no discurso, apresentando-se como um “justiceiro” após o ato de agressão. Em uma declaração posterior, ele revelou que sua sogra falecerá, acusando marçal de ser um “canalha” que lhe convidou, logo após o incidente, para tomar um café.
Por outro lado, a figura do prefeito Ricardo nunes (MDB), que também estava no debate e busca a reeleição, pode emergir fortalecida dessa situação. nunes ressaltou a importância da estabilidade emocional para governar uma cidade como São Paulo, fazendo comentários sobre a agressividade de marçal nas redes sociais, um fator que, na era das informações instantâneas, pode rendê-lo tanto notoriedade quanto apoio eleitoral.
Por fim, embora a baixa reputação de um candidato, resultante de um comportamento agressivo, possa inicialmente atrair atenção, a real questão a se responder é: quem realmente se beneficiará com este tumultuado episódio nas próximas etapas da campanha? A resposta poderá definir não apenas o futuro de marçal, mas também as direções políticas nas eleições que se aproximam.