Na cidade de Xangai, a China alcançou um marco significativo ao inaugurar o primeiro centro de dados submarino comercial inteiramente alimentado por energia eólica marítima. Esse avanço representa um passo crucial para a tecnologia, especialmente após dois anos de testes exitosos implementados em Hainan, onde uma instalação similares foi colocada em funcionamento desde dezembro de 2022. A proposta desse centro é mais do que inovadora; ela aborda urgentemente duas questões globais que a infraestrutura digital enfrenta atualmente: o elevado consumo de energia por data centers e a falta de espaço urbano para sua expansão.

Os centros de dados são conhecidos por sua elevada demanda energética. A solução submarina adotada em Xangai não apenas promete uma redução no consumo de energia de até 40%, mas também libera terrenos valiosos nas áreas urbanas. Este conceito inovador de resfriamento natural utilizando água do mar transforma a necessidade de refrigeração intensa, que normalmente consumiria entre 40% e 50% da energia total, em menos de 10%. Enquanto isso, mais de 90% da energia utilizada será proveniente de parques eólicos marinhos, mostrando um compromisso com práticas sustentáveis e renováveis.

Além de reimaginar o espaço e o consumo energético, a implementação deste centro é uma demonstração da ambição da China em integrar tecnologias como a inteligência artificial (IA) e a rede 5G na construção de uma infraestrutura digital robusta e eficiente. Em Hainan, a experiência de dois anos serviu como um banco de testes que mostrou a viabilidade operacional dos centros de dados submersos, com a instalação funcionando a 30 metros de profundidade, sem registrar falhas nos servidores durante o período de teste. Este sucesso criou um precedente para a expansão dessa tecnologia em Xangai, que agora é vista como a “versão 2.0” das operações de dados submarinas.

A fundação econômica para essa iniciativa é igualmente impressionante. A construção do cluster submarino em Xangai representa um investimento significativo de 1,6 bilhão de yuans, o equivalente a aproximadamente R$1,2 bilhão. Este valor reflete não apenas a modernização da infraestrutura digital, mas também as implicações financeiras em uma era de crescente demanda por soluções sustentáveis e eficientes. O centro não é apenas uma inovação tecnológica mas também um passo vital em direção a uma economia mais verde.

Por trás dessa iniciativa, o modelo desenvolvido pela Microsoft, conhecido como Project Natick, que realizou testes na Escócia em 2015, fornece um contexto interessante. No entanto, Hainan se destaca como a pioneira na implementação comercial real desta tecnologia em nível global, tornando-se um exemplo para o mundo. Com o novo centro em Xangai, a China está se posicionando como líder na pesquisa e desenvolvimento de soluções tecnológicas que favorecem a sustentabilidade no setor de TI, combinando inovação, economia e preservação ambiental de maneira sinérgica.

Diante da crescente necessidade de uma infraestrutura digital que não sacrifique os recursos do planeta, essa nova abordagem de data centers submarinos emerge como uma das respostas mais promissoras. A capacidade de oferecer serviços tecnológicos cruciais enquanto promove uma significativa economia de espaço e energia é um trunfo inegável no atual cenário global. É importante ressaltar que, à medida que avançamos para o futuro, iniciativas como essa poderão inspirar outras nações e empresas a seguir o exemplo da China, adotando práticas mais sustentáveis e inovadoras em suas operações.

Em suma, a inauguração do primeiro centro de dados submarino de Xangai é um testemunho do potencial humano de adaptar e inovar em resposta aos desafios contemporâneos. Ao alinhar tecnologia de ponta com soluções energéticas sustentáveis, a China não apenas redefine o futuro da infraestrutura de dados, mas também oferece uma visão de como outras nações podem abordar questões críticas de urbanização e sustentabilidade. Este projeto não representa apenas uma evolução tecnológica; ele encarna um futuro onde o desenvolvimento digital e a preservação ambiental podem coexistir harmonieiramente.

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