Dados Econômicos em Debate
No início de setembro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, divulgou um conjunto de dados econômicos alternativos, alegando que as estatísticas oficiais favorecem seu antecessor democrata, Joe Biden. A apresentação ocorreu após a demissão da diretora do Escritório de Estatísticas Trabalhistas (BLS), uma ação considerada surpreendente por muitos analistas políticos.
Convocando uma coletiva de imprensa no Salão Oval, Trump fez uma exposição ao lado de Stephen Moore, economista da Heritage Foundation, um think tank conservador. Moore declarou que, segundo suas análises, o BLS superestimou a criação de empregos durante os últimos dois anos do governo Biden em aproximadamente 1,5 milhão, gerando um “erro colossal” que, segundo ele, justificaria a troca na liderança da agência.
Trump endossou a afirmação do economista, sugerindo que a manipulação dos dados poderia ter sido intencional. “Não considero que tenha sido um mero acidente. Acredito que tenha havido uma intenção deliberada”, afirmou o presidente. Ele completou dizendo que os dados apresentados são “incríveis” e que a economia norte-americana está em boa trajetória.
Entre os números destacados por Moore, ele mencionou que, nos primeiros cinco meses de governo Trump, a renda média das famílias, ajustada pela inflação, aumentou em cerca de 1.174 dólares. Esse dado é parte da narrativa que Trump está tentando construir para fortalecer sua imagem econômica, especialmente em um período de crescente rivalidade política.
Vale lembrar que o Escritório de Estatísticas Trabalhistas revisa os dados de emprego regularmente, o que pode resultar em revisões tanto para cima quanto para baixo. Recentemente, uma correção divulgada em agosto indicou uma diminuição de 258 mil empregos nos dois meses anteriores, o que provocou uma reação furiosa de Trump, que decidiu demitir a diretora do escritório, a quem ele acusa de manipulação. “Ela falsificou os números de emprego para favorecer Kamala Harris nas eleições”, afirmou Trump, referindo-se à sua adversária nas próximas eleições presidenciais de 2024.
Durante seu primeiro mandato, Trump tinha planos de nomear Stephen Moore como presidente do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, mas desistiu diante das críticas acerca das qualificações de Moore e de comentários considerados sexistas feitos por ele.
A troca de liderança no BLS e a apresentação dos dados alternativos levantam questões sobre a transparência e a veracidade das informações econômicas que chegam ao público. Observadores políticos e economistas estarão atentos às implicações que essas mudanças podem ter na corrida eleitoral que se aproxima.