Uma homenagem com Sentido

O Cruzeiro Esporte Clube tomou uma atitude significativa ao convidar Nicole, a filha do gari Laudemir de Souza Fernandes, para visitar as instalações do clube na Toca da Raposa II. Nicole, que tem apenas 15 anos, expressou seu amor pelo time e revelou que seu pai era um torcedor ardoroso. Seu desejo de conhecer o Mineirão, um dos templos do futebol brasileiro, foi atendido em um gesto que une a paixão pelo futebol à solidariedade diante da dor.

Laudemir foi tragicamente assassinado a tiros pelo empresário Renê da Silva Nogueira Junior, em um incidente ocorrido no Bairro Vista Alegre, em Belo Horizonte, no dia 11 de agosto. A assessoria do Cruzeiro se mobilizou rapidamente e fez contato com a família após Nicole compartilhar em uma entrevista a conexão emocional que tinha com seu pai e o time.

No relato, a jovem usou um colar do clube como símbolo de amor e lembrança ao pai. “Meu pai era um homem muito bom, virou um herói para todos nós. Saber dessa notícia me abalou bastante, porque eu estava ficando com meu pai depois de tanto tempo”, contou emocionada.

Nicole também refletiu sobre as memórias que seu pai deixou. “Com certeza, ele vai ficar sempre guardado. Inclusive, ele me deu isso aqui [o colar do Cruzeiro]. Ele era fanático, amava muito”, disse, revelando a importância que a lembrança do pai tem em sua vida.

Embora nunca tenha ido ao Mineirão, Nicole expressou que realizar esse sonho em homenagem ao pai seria uma experiência indescritível. O Cruzeiro, como parte de seu compromisso social, planejou levar a jovem a algumas partidas no estádio, permitindo que ela vivencie a atmosfera que tanto significava para Laudemir. O clube está promovendo eventos especiais onde torcedores e instituições têm a oportunidade de visitar a Toca e interagir com os atletas.

O Caso Trágico de Laudemir

O assassinato de Laudemir foi consequência de um desentendimento ocorrido durante seus deveres como gari. Na manhã do fatídico dia, ele e seus colegas estavam realizando a coleta de resíduos quando o empresário Renê da Silva Nogueira Junior se aproximou em seu carro elétrico. Renê pediu que o caminhão de limpeza urbana se afastasse da via, alegando que estava obstruindo o tráfego.

A motorista do caminhão, no entanto, explicou que o trânsito poderia fluir pelo espaço disponível, mesmo com o veículo posicionado na frente. A situação se intensificou rapidamente quando o empresário ameaçou disparar caso o caminhão não se movesse. Após ultrapassar o veículo de limpeza, Renê saiu do carro e atirou contra Laudemir, atingindo-o no tórax.

Quando a polícia chegou ao local, encontrou Laudemir caído ao chão, com um sangramento intenso. Mesmo com sinais vitais, ele foi levado às pressas para o Hospital Santa Rita, em Contagem. Os médicos descobriram que a bala havia perfurado sua costela direita e ficado presa em seu antebraço esquerdo. Infelizmente, Laudemir não sobreviveu aos ferimentos, e a causa da morte foi identificada como hemorragia interna, resultado do projétil.

A tragédia que acometeu a família de Laudemir não só marca a perda de um pai querido, mas também destaca questões maiores sobre a violência no cotidiano das pessoas. O gesto do Cruzeiro, ao homenagear Nicole, reafirma a importância do clube na comunidade e o papel que o futebol pode desempenhar em momentos de dor e perda.

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