Mobilização Cristã e Apelo ao Vaticano

Por Nina Fabrizio – A comunidade cristã da Terra Santa, juntamente com aliados internacionais, decidiu que era hora de levantar a voz. As condenações à violência desenfreada dos colonos na Cisjordânia estão crescendo, especialmente após os recentes ataques a Taybeh, a última vila completamente cristã na região. Além de sofrer com agressões, a comunidade presenciou o incêndio da histórica Igreja de São Jorge, juntamente com seu cemitério, um símbolo de sua herança e tradição.

Um relatório minucioso sobre a situação está prestes a ser submetido à Santa Sé, para avaliação pela Secretaria de Estado antes de chegar às mãos do papa Leão XIV. A urgência da situação foi destacada por um representante da Santa Sé que visitou Taybeh na última segunda-feira (14), acompanhando os patriarcas das igrejas locais, entre eles o Patriarca Latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa.

“Temos um representante da Santa Sé aqui que apresentou um relatório detalhado. Eles estão bem informados no Vaticano, mas, mais uma vez, nem nós nem ninguém parece ter a solução rápida para esses problemas,” afirmou Pizzaballa. Ele denunciou que, em toda a Cisjordânia, a única lei que prevalece é a do poder, reforçando a necessidade de restaurar a justiça e a legalidade na região.

Desafios da Aplicação da Lei na Região

Sobre a atuação do Exército e da polícia israelenses, que supostamente não intervieram para impedir os ataques dos colonos, o Patriarca Latino, uma figura de destaque entre os líderes religiosos do Oriente Médio, comentou: “É difícil entrar em detalhes ou fornecer fatos concretos. Nem todas as pessoas que vemos em uniformes são soldados; algumas podem ser voluntárias.”

Ele acrescentou que, apesar das circunstâncias desafiadoras, é essencial que as autoridades garantam a proteção dos direitos de todos os cidadãos na região, enfatizando a importância da aplicação da lei. Enquanto isso, na terça-feira (15), entidades como os Franciscanos de Assis e a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre expressaram sua solidariedade e condenação aos atos violentos perpetrados por colonos. A mídia do Vaticano, L’Osservatore Romano, também destacou a unidade dos líderes cristãos e diplomatas reunidos em Taybeh.

“Esses ataques covardes são direcionados a pessoas desarmadas. Contudo, o que ouvimos não foi um clamor por vingança ou ódio, mas um apelo urgente por proteção para as vidas pacíficas em suas terras,” escreveu o padre Ibrahim Faltas. Ele lembrou que as tragédias recentes, como o massacre da Igreja em Damasco, e os eventos em Taybeh não devem ser entendidos como uma guerra religiosa, mas como uma luta pela vida e dignidade humana.

A Luta pela Terra e pela Vida

O objetivo dos colonos, como tem sido reiterado, é claro: por meio de incêndios e saques, eles buscam tomar o máximo de terras possíveis de seus legítimos proprietários. Recentemente, em Taybeh, uma placa alarmante com os dizeres “Não há futuro para vocês aqui” foi erguida, refletindo a hostilidade e o clima de terror enfrentado pela população local.

“Ligamos duas vezes para o centro de coordenação entre os governos palestino e israelense. Disseram que viriam, mas nunca apareceram. Não nos protegeram e não detiveram os colonos, o que sugere que os protegem,” detalhou o pároco local, ressaltando que muitos soldados têm raízes em comunidades de colonos e são influenciados por ideologias extremistas do governo.

No último domingo, durante uma missa, o papa Leão XIV abordou a temática da opressão, mencionando “povos que foram despojados, roubados e saqueados, vítimas de sistemas políticos opressores e de uma economia que os empurra para a pobreza.” Sua mensagem ecoa a necessidade urgente de apoio à comunidade cristã em sua luta por justiça e proteção.

Share.
Leave A Reply

Exit mobile version