Ismael “El Mayo” Zambada, uma figura central no tráfico de drogas, encontra-se sob custódia nos Estados Unidos desde o dia 25 de julho, quando foi detido juntamente com o filho do famoso narcotraficante Joaquín “El Chapo” Guzmán. Nesta última sexta-feira, 13, Zambada foi transferido de El Paso, Texas, e compareceu a um tribunal em Nova York. Ele enfrenta uma série de desafios legais, já que está detido sem direito a fiança e deve responder a sete acusações criminais que pesam sobre ele.
No tribunal, Ismael Zambada foi informado sobre as 17 acusações que inclinam o foco do processo à sua suposta liderança no cartel de Sinaloa, implicando-o em atividades ilícitas relacionadas ao tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e porte ilegal de armas. Em sua defesa, Zambada se declarou inocente de todas as acusações que lhe foram imputadas, reiterando sua posição, apesar da gravidade dos delitos.
Mas quem é realmente “El Mayo” Zambada? Ele é conhecido como um dos cofundadores do cartel de Sinaloa e é considerado o atual líder da organização criminosa, que tem sido uma das mais influentes na história do narcotráfico mexicano. Ao longo de décadas, seu nome tornou-se sinônimo de operações de tráfico de drogas não apenas em Sinaloa e Nayarit, mas também em importantes locais turísticos e comerciais, como Cancún, Quintana Roo, Monterrey e Nuevo León.
Desde a recaptura de “El Chapo” em 2016, Zambada supostamente assumiu o controle das operações do cartel. A Drug Enforcement Administration (DEA) dos Estados Unidos o aponta como acusado de uma série de crimes, incluindo lavagem de dinheiro, posse de armas, homicídios, e conspiração para tráfico internacional de drogas. O Departamento de Justiça dos EUA anunciou, em 2015, que Zambada enfrentava ainda acusações específicas ligadas ao tráfico de substâncias como metanfetaminas, heroína e maconha, e o descreve como uma figura central em diversos esquemas de narcotráfico.
Ismael Zambada é considerado um dos mais procurados no México pelo Departamento de Estado americano. Ele ganhou notoriedade nos anos 90, sendo associado a várias organizações de tráfico, e alcançou destaque como um dos maiores traficantes do país. Com a capacidade de movimentar grandes quantidades de cocaína, maconha e heroína, sua influência se expandiu para além das fronteiras mexicanas, estabelecendo laços com o cartel de Juárez.
Em 2003, um júri em Washington indiciou Zambada por suas ações no tráfico de drogas, resultando na emissão de um mandado de prisão provisional que ilustra a gravidade de suas atividades ilícitas. Segundo informações do Departamento de Estado, a organização que Zambada lidera supostamente recebe quantidades massivas de cocaína, proveniente de fontes colombianas, através de rotas marítimas. Após receber as drogas, ele utiliza uma vasta gama de métodos de transporte — como aviões, caminhões e automóveis — para movimentar os entorpecentes até a fronteira entre o México e os Estados Unidos.
Uma vez cruzando a fronteira, as substâncias são enviadas para centros de distribuição localizados em estados e cidades estratégicas, como Arizona, Califórnia, Chicago e Nova York. O detalhamento dos procedimentos de Zambada revela não apenas sua operação sofisticada no tráfico, mas também seus interesses empresariais, uma vez que ele teria investido em diversos negócios e possui consideráveis bens imobiliários no México.
Em 2018, durante o julgamento de “El Chapo”, seu irmão, Jesús “El Rey” Zambada, fez declarações significativas que impactaram a percepção pública sobre Ismael Zambada. Como ex-membro do cartel e testemunha colaboradora, ele esclareceu a complexa relação de colaboração que existiu entre ele e Guzmán, ressaltando que ambos chegaram a um acordo para uma parceria igualitária, enfatizando a interligação entre as duas figuras proeminentes do narcotráfico.
Com as atuais acusações e os desafios legais que enfrenta, Ismael “El Mayo” Zambada permanece no centro das atenções das autoridades e da mídia, simbolizando os conflitos e as batalhas judiciais do complexo mundo do tráfico de drogas. O seu futuro legal se desenha incerto, enquanto as autoridades americanas intensificam o combate ao narcotráfico e a busca pela desarticulação dos cartéis que dominam diversas regiões do continente americano.