As cotações do algodão na bolsa de Nova York apresentaram uma nova diminuição na semana passada, com destaque para os contratos previstos para dezembro deste ano, que encerraram a semana com uma queda de 3,8%. Essa informação faz parte do Boletim de Inteligência de Mercado da Abrapa, publicado na última sexta-feira (15).
Neste boletim, diversos dados relevantes sobre o mercado do algodão são destacados, oferecendo uma visão abrangente sobre a recente volatilidade dos preços e as condições de mercado. O contrato de algodão para dezembro de 2024 foi registrado a 68,32 U$c/lp, marcando uma queda significativa de 3,8% em comparação com os preços de 7 de novembro. Da mesma forma, o contrato para dezembro de 2025 fechou em 71,63 U$c/lp, com uma redução de 2,2% em relação à mesma data.
A análise do mercado indica que o basis médio do algodão brasileiro, especialmente destinado ao Leste da Ásia, está em 910 pontos para embarque entre novembro e dezembro de 2024, utilizando o parâmetro Middling 1-1/8″ (31-3-36). Esses números, provenientes da fonte Cotlook datada de 14 de novembro de 2024, são cruciais para entender a competitividade do algodão brasileiro no mercado internacional.
Entre os fatores que têm influenciado a queda das cotações, um ponto importante é a valorização contínua do índice do dólar desde a reeleição de Donald Trump, o que torna as commodities, incluindo o algodão, mais caras em escala global. Além disso, a significativa diminuição dos preços do petróleo nesta semana, devido à baixa demanda da china – o maior importador mundial – ampliou a pressão sobre os preços das commodities.
No entanto, há também fatores positivos que merecem destaque. Com os preços do algodão caindo abaixo da marca de 70 centavos, houve um aquecimento na demanda, com diversos negócios realizados durante um importante evento nos Estados Unidos. Conforme pesquisa da BCO, aproximadamente 40% das fiações chinesas operaram em outubro com pelo menos 90% de sua capacidade, apresentando um aumento de 2 pontos percentuais em relação a setembro, o que aponta uma recuperação e maior consumo no setor textil.
No cenário internacional, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revisou para baixo sua previsão de produção, consumo e estoques finais do algodão para a safra mundial 2024/25, com uma redução de cerca de 100 mil toneladas. A nova estimativa aponta para uma produção de 25,3 milhões de toneladas, enquanto o consumo foi ajustado para 25,2 milhões de toneladas e os estoques finais foram reduzidos para 16,5 milhões de toneladas.
Na china, até 13 de novembro, foram beneficiadas 2,9 milhões de toneladas de algodão em Xinjiang, o que representa um aumento de 27% em comparação com o mesmo período de 2023. Com a colheita do algodão avançando para sua fase final no país, a qualidade da safra atual supera a da safra anterior de 2023/24. Essa melhoria na produtividade levou a BCO a revisar suas projeções, aumentando-a para 6,53 milhões de toneladas, incrementando a previsão em 130 mil toneladas.
Do lado do Vietnã, as importações de algodão em outubro chegaram a 129,8 mil toneladas, marcando um crescimento de 9% em relação a setembro e de 21% em relação a outubro do ano passado. A Austrália e o Brasil foram os principais fornecedores, respondendo por 34% e 31% das importações, respectivamente. No início da safra 2024/25, o Vietnã importou 380,6 mil toneladas, refletindo uma alta de 13% em relação ao ano anterior.
A delegação brasileira do Cotton Brazil inicia neste domingo (17) uma missão ao Vietnã e à china, prevista para ocorrer até o dia 23. Esta nona missão do ano tem como objetivo fortalecer as relações comerciais, uma vez que esses países representam juntos 64% da exportação de pluma brasileira durante o ano comercial 2023/2024.
Nos Estados Unidos, o USDA também ajustou suas previsões para a safra 2024/25, reduzindo a produção para 2,42 milhões de toneladas e estimando um consumo de 290 mil toneladas. Além disso, a colheita lá avança, com 71% da safra já colhida até 10 de novembro, um aumento significativo em relação ao ano passado.
Entretanto, a situação no Paquistão apresenta desafios, com clima seco e frio impactando a colheita, enquanto na Turquia, a desaceleração da atividade industrial resulta em fiações operando com apenas 70% de sua capacidade. No Brasil, as exportações de algodão até a segunda semana de novembro totalizaram 56,8 mil toneladas, uma média diária 25,3% inferior em relação ao mesmo período de 2023, e o beneficiamento da safra 2023/24 apresenta números expressivos nos estados produtores.
Essa dinâmica do mercado de algodão destaca a complexidade e os desafios enfrentados por produtores e comerciantes, além das oportunidades que surgem em um cenário global em constante mudança. Para aqueles que estão envolvidos nesse setor, é fundamental acompanhar de perto essas tendências e ajustar suas estratégias de acordo com as flutuações no mercado.