Na última reunião do Comitê de Política Monetária (copom) do banco central (BC), realizada na quarta-feira, 7 de maio, a decisão unânime foi de aumentar a taxa Selic, elevando-a de 14,75% para 15% ao ano. Esse novo patamar representa o maior nível desde maio de 2006 e marca a sétima alta consecutiva na taxa de juros do país. O ciclo de aperto monetário teve início em setembro de 2024, quando o comitê decidiu interromper um período de cortes e iniciar a elevação da Selic, que na época era de 10,50% ao ano, subindo para 10,75% ao ano.
Com a nova taxa de 15% ao ano, o BC estabelece um prazo de 45 dias para a permanência desse índice. Os membros do copom que votaram a favor dessa decisão incluem Gabriel Muricca galípolo (presidente), Ailton de Aquino Santos, Diogo Abry Guillen, Gilneu Francisco Astolfi Vivan, Izabela Moreira Correa, Nilton José Schneider David, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.
O banco central destacou que o aumento é “compatível” com a meta de convergência da inflação, visando estabilizar os preços ao longo do tempo. Em comunicado oficial, o BC afirmou que, apesar de seu objetivo primordial de garantir a estabilidade de preços, a decisão também busca minimizar as flutuações na atividade econômica e incentivar o pleno emprego. Além disso, o comitê indicou que deve encerrar o ciclo de aumento nas taxas na próxima reunião, programada para 29 e 30 de julho.
O BC também observou que, se o cenário atual se confirmar, uma pausa na alta dos juros poderá ser considerada para avaliar os impactos dos ajustes anteriores. A análise envolve a verificação se a taxa de juros atual, mantida por um período prolongado, é suficiente para garantir que a inflação se converja para a meta estabelecida. Atualmente, as expectativas de inflação para 2025 e 2026, conforme a pesquisa focus, estão acima da meta, com projeções de 5,2% e 4,5%, respectivamente. O copom estima uma inflação de 3,6% para 2026, que é o horizonte relevante de sua política monetária.
Os riscos associados à inflação, tanto para altas quanto para baixas, permanecem acima do normal. O BC ressaltou que, para assegurar a convergência da inflação à meta em um ambiente de expectativas desancoradas, é necessário manter uma política monetária significativamente contracionista por um período prolongado.
Com o recente aumento de 0,25 ponto percentual, a taxa Selic se aproxima dos níveis que foram observados entre maio e julho de 2006, quando variou de 15,25% a 14,75%. Naquela época, a economia brasileira apresentava um desempenho robusto. O mercado financeiro estava dividido quanto a essa decisão; enquanto alguns analistas previam a elevação de 0,25 ponto percentual, outros esperavam o término do ciclo de aumento da taxa de juros.
A Selic, que é a principal ferramenta de controle da inflação no Brasil, quando elevada, tende a desencorajar o consumo e os investimentos, resultando em um crédito mais caro e um arrefecimento da atividade econômica. Isso pode levar a uma redução nos preços tanto para consumidores quanto para produtores. A inflação dos alimentos tem sido um desafio constante para o governo do presidente Lula, e as projeções atuais indicam uma falta de crença no retorno da taxa Selic para um nível inferior a dois dígitos durante seu governo e o mandato de galípolo no BC.
A próxima reunião do copom está marcada para os dias 29 e 30 de julho. Os diretores do comitê têm a responsabilidade de decidir sobre cortes, manutenções ou elevações na taxa Selic, com a missão de controlar o aumento dos preços de bens e serviços no Brasil, que continuam a subir, embora em um ritmo mais moderado. Apesar de a taxa de juros estar em um patamar restritivo, a inflação ainda pressiona a economia, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (ipca) acumulando uma alta de 5,32%. Esse índice aponta para mais um possível descumprimento da meta, cuja meta estabelecida para este ano é de 4,50%.
Metas de inflação contínuas
A partir deste ano, a meta de inflação no Brasil adota um formato contínuo, onde os índices são apurados mensalmente. Se, ao longo de 12 meses, a meta não for cumprida por seis meses consecutivos, considera-se que o objetivo foi descumprido. Para 2025, a meta de inflação é de 3%, com uma banda de variação de 1,5 ponto percentual, ou seja, um piso de 1,5% e um teto de 4,5%. Essa meta será considerada atingida se as oscilações permanecerem dentro desse intervalo.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o responsável por definir esses objetivos. Caso as metas não sejam cumpridas, o banco central deve enviar uma carta aberta ao Ministro da Fazenda, explicando as razões para a inflação acima do esperado. O controle da inflação é realizado por meio da Selic, que é revisada pelo copom a cada 45 dias.
Expectativas futuras para a Selic
Analistas do mercado financeiro, consultados semanalmente no relatório focus, projetam que a taxa Selic deverá se manter em 14,75% ao ano ao final deste ano. Para os anos seguintes, as previsões são de 12,50% ao ano em 2026, 10,50% ao ano em 2027 e 10% ao ano em 2028. Essas projeções refletem uma expectativa de que a taxa Selic não cairá abaixo de dois dígitos até o final do governo do presidente Lula, em 2026, e durante o mandato de Gabriel galípolo à frente do banco central, que se estende até 2028.