Indignação e pedido por melhorias no atendimento a crianças durante abordagens policiais
A Associação dos Conselheiros Tutelares do Distrito Federal (ACT-DF) manifestou, na última quinta-feira, 10 de julho, sua profunda indignação em relação a uma abordagem violenta realizada por dois policiais civis. Os agentes agrediram e prenderam o publicitário Diego Torres após um suposto acidente de trânsito, enquanto seu filho de 5 anos presenciava toda a cena. O menino foi deixado na rua, sob a responsabilidade de estranhos, pelos policiais da Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA).
Em nota divulgada, a ACT-DF caracterizou o episódio como “mais uma evidência da invisibilização de crianças e adolescentes”. O comunicado, assinado pelo presidente Gustavo Camargos, destaca a gravidade do que ocorreu diante do olhar da criança, enfatizando o trauma que essa situação pode causar. “É inaceitável que a criança tenha presenciado a ação sem receber qualquer apoio, e que, após a abordagem, tenha sido deixada a mercê de estranhos”, ressalta a associação.
A abordagem, que ocorreu na tarde de quarta-feira, 9 de julho, na 112 Norte, chocou os transeuntes. Conforme relatos, o incidente se deu após o carro de Diego, que aparentemente encostou em uma viatura descaracterizada da DCA. O publicitário foi violentamente imobilizado, sendo agredido com socos e sufocado com o joelho nas costas pelos agentes identificados como Gustavo Gonçalves Suppa e Victor Baracho Alves.
Apesar de saber que o motorista estava acompanhado do filho, os policiais levaram apenas Diego, enquanto o garoto, em lágrimas, ficou sob os cuidados de pessoas que, por sorte, se sensibilizaram e conseguiram contatar a mãe da criança. Diego foi liberado da delegacia por volta das 19h30.
A ACT-DF enfatizou que esse caso deve servir como um alerta para a necessidade de aprimoramento no treinamento dos agentes estatais. “A prioridade absoluta deve ser a criança, e não podemos permitir que situações como essa se repitam”, afirmou Camargos. Ele também expressou a confiança em uma resposta firme por parte da Corregedoria da Polícia Civil, uma vez que o Ministério Público do Distrito Federal já se manifestou sobre o incidente e o Conselho Tutelar está ciente do ocorrido.
Na mesma noite do incidente, a governadora em exercício do DF, Celina Leão, determinou que medidas imediatas fossem tomadas em relação ao caso. A Corregedoria da Polícia Civil foi acionada para investigar a ocorrência. “Esse tipo de comportamento não representa o padrão da nossa polícia, que se propõe a ser uma polícia cidadã”, declarou Leão.