Conflito Judicial em Meio ao Luto
Um condomínio de alto padrão na zona leste de São Paulo enfrenta um desafio legal para cobrar valores devidos, após a execução do corretor de imóveis Vinícius Gritzbach, em novembro do ano passado. O caso, que ganhou notoriedade pela brutalidade do crime, agora envolve questões financeiras que remetem à dívida de Gritzbach, cuja situação se complicou após seu morte.
Gritzbach, que foi alvejado com dez tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, teria chegado de Alagoas momentos antes do trágico incidente. O corretor estava em meio a polêmicas e delações que ligavam policiais ao Primeiro Comando da Capital (PCC), o que pode ter contribuído para seu assassinato.
A dívida condominial inicial de R$ 3.981,53 foi registrada em uma planilha apenas um mês após seu falecimento. Em maio deste ano, o valor total da dívida subiu para R$ 12.810,99, um aumento significativo que inclui taxas condominiais de R$ 10.979,25, além de custas processuais de R$ 733,81 e honorários advocatícios de R$ 1.097,93.
Para garantir o recebimento, a justiça determinou o bloqueio de valores nas contas bancárias relacionadas a Gritzbach. A sua ex-mulher, Thatyana Ramos Gritzbach, confirmou o bloqueio e, posteriormente, efetuou o pagamento total da dívida, encerrando essa pendência financeira.
Antes que o pagamento fosse realizado, o Tribunal de justiça de São Paulo (TJSP) confiscou um Tesla S 70D, um carro elétrico de luxo avaliado entre R$ 700 mil e R$ 800 mil. No dia 13 de junho, o juiz Alberto Gibin Villela decidiu desbloquear o veículo após a confirmação do pagamento da dívida.
Quem Era Vinícius Gritzbach?
Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, de 38 anos, era considerado alvo pelo PCC, supostamente por ter mandado assassinar dois membros da facção. O corretor foi executado em plena luz do dia, no aeroporto, em um crime que levantou muitas questões sobre sua vida e suas atividades. Ele havia sido denunciado pelo Ministério Público de São Paulo por manter negócios com criptomoedas e bitcoins, supostamente ligando-o a atividades ilícitas.
O duplo homicídio que ele teria coordenado ocorreu em dezembro de 2021 e envolveu a morte de Anselmo Becheli Santa Fausta e Antônio Corona Neto, ambos associados ao PCC. O agente penitenciário David Moreira da Silva foi implicado como coautor do crime, enquanto o executor, Noé Alves Schaum, foi assassinado em janeiro de 2023.
Gritzbach ficou preso até junho de 2023, quando voltou a ter liberdade condicional, com a imposição de uso de tornozeleira eletrônica em virtude das acusações pendentes.
Em junho de 2024, a polícia foi chamada para investigar uma possível tentativa de sequestro de Gritzbach, após sua companheira e seguranças expressarem preocupação com sua movimentação. Quando os policiais chegaram, Gritzbach demonstrava nervosismo, levando à suspeita de que ele estaria envolvido em atividades clandestinas.
O delegado Fábio Baena, que estava à frente das investigações, e sua equipe, foram acusados de tentativas de extorsão, exigindo R$ 40 milhões de Gritzbach em troca de proteção contra as acusações que ele enfrentava. O corretor negou todas as alegações de crime, mas não conseguiu escapar da teia de corrupção que cercava seu caso.
Após sua delação premiada, que se deu poucos dias antes de seu assassinato, diversos envolvidos foram presos, o que expôs um intrincado esquema de corrupção e violência que ainda continua a ser investigado.