Imparcialidade em Questão

A defesa do atacante Dudu, do Atlético-MG, está em busca de anular a suspensão de seis jogos imposta ao jogador, que foi penalizado por ofensas direcionadas à presidente do Palmeiras, Leila Pereira. Os advogados argumentam que há vício no julgamento, citando uma foto da relatora do caso, Renata Mendonça, ao lado das advogadas de Leila, o que, segundo eles, sugere um possível prejulgamento e interesses pessoais. Na nova petição apresentada ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), a defesa destaca que a imagem foi postada minutos antes do julgamento e que isso demonstra uma conexão moral entre a relatora e a acusação de misoginia que Dudu enfrenta.

A postagem, realizada em 18 de julho, coincidiu com o dia em que Dudu foi punido. Na foto, Renata Mendonça se vê acompanhada de duas advogadas que representam Leila, além de uma terceira mulher, e a legenda afirma: ‘mulheres ocupando espaços no esporte e no mundo’. Essa evidência foi apresentada como fator que comprometeria a imparcialidade da relatora no caso.

A decisão da 5ª Comissão Disciplinar do STJD, sob a liderança de Renata Mendonça, resultou na condenação de Dudu a seis partidas de suspensão e uma multa de R$ 90 mil. Contudo, após um recurso interposto pelo Atlético-MG, a punição financeira foi temporariamente suspensa, permitindo que o clube e o jogador respirem aliviados, pelo menos até o julgamento do recurso.

Um trecho do acórdão divulgado pelo STJD retrata a gravidade da conduta de Dudu: ‘A sua atitude evidencia um traço estrutural de resistência à autoridade feminina, demonstrando uma séria dificuldade em respeitar a mulher, pelo simples fato de ser mulher.’ Os advogados responsáveis pela defesa de Dudu, Diogo Jabur Pimenta e Carla Silene Cardoso Lisboa, argumentam que a situação levanta questionamentos sobre a imparcialidade do julgamento e não dá margem a indiferença diante do que consideram uma mácula ao processo.

Dudu, por sua vez, nega veementemente as acusações de misoginia, alegando que está sendo injustamente rotulado sem que haja provas concretas. Na defesa, ele critica o caráter oportunista do uso do termo ‘misógino’, argumentando que isso trivializa a luta das mulheres e enfraquece a credibilidade das denúncias sérias contra a discriminação. ‘Esse procedimento não fortalece o combate ao machismo. Pelo contrário, transforma a luta em uma ferramenta de retaliação pessoal, criando confusão entre o que é crítica e o que é discriminação e comprometendo os avanços em prol da dignidade feminina’, afirmam os advogados na defesa de Dudu.

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